O que faltou dizer de Isabella, por Luis Lima

Texto recebido de Luís Lima em 01/03/2019

O que uma Miss faria de bom num reality show? Já tivemos várias misses no BBB, como Josiane, Miss Brasil 2002, destronada por ser casada; Grazi, Miss Brasil Internacional 2004; Kamila Salgado, Miss Mundo Brasil 2010; e agora Isabella, Miss Natal Universo 2014. A que se saiu melhor foi a Grazi, ficando em segundo lugar no BBB-5. Perdoem-me se esqueci de alguma outra miss.

Misses sempre têm um comportamento elegante, exceção Kamila Salgado, que teve um tempero apimentado no BBB-13; uma das misses que mais se destacou, pelo barraco neste Big Brother, em parceria com Fernanda Keulla, a vencedora. Grazi e Josiane (esta última que participou duas vezes do BBB-3 e 10) faziam a linha fina, mas fazendo justiça, Grazi com um carisma humano gritante, diferente de Josiane, que era uma planta sempre próximo à piscina, sem ser notada no BBB-10 por algo de suma importância, exceto no BBB-3 em que teve um affair com um bad boy que acabou desistindo do programa por se sentir rejeitado por ela.

Bem, feito esse relato histórico, Isabella tentou fazer, me parece, a linha Grazy. Não podemos negar que ela tem um carisma pela sua simpatia e educação. E quando falo de educação, digo que ela foi a única do grupo Villa Mix a saber escutar e ouvir atentamente as explicações da Gabi e Rodrigo sobre alguns termos, aparentemente normais, mas eivados de racismo velado. Diferente de Diego, Paula e Gustavo que tinham repulsa pelos militantes de algumas causas sociais, como o do movimento negro. A divergência deles por cotas raciais nas Universidades etc. fez com que o grupo do Villa Mix criasse um atrito e revanche com o grupo Gaiola.

E aonde estava Isabella nessa discussão? Em nenhum dos lados, a meu ver. Estava na condição de escuta e aprendizagem. Mas sempre optando para o lado que espelhava a sua imagem de galega, loira e branca. Essa não-identificação de grupos entre brancos e negros foi natural. Exceção do Alan, que não entrou nessa bifurcação étnica.  O que admirei em Isabella foi essa abertura de ouvir o diferente, de tentar aprender com outras narrativas sobre determinados temas candentes e polêmicos que passearam durante anos pelas redes sociais como racismo, bullying etc. Aí é o ponto positivo de Isabella. Até porque como Miss, ele aprendeu isso com seus coordenadores de concurso, ou seja, que a Miss tem um papel social muito importante com os pobres, os excluídos. Basta ver aonde uma Miss Universo vai quando é coroada, a saber, aos lugares mais pobres do planeta.

Isabella, pela pressão masculina e feminina, foi com muita rapidez desencadear um romance com o Maycon. Um homem infantil, adolescente, sem capacidade de amadurecimento sentimental masculino. Achei precoce essa relação fugaz e deu no que deu. Uma ruptura bruta envolvendo uma terceira pessoa, Elana. A relação era tão sem sal  e sem pimenta que nem agradou ao telespectador do programa. Ficou algo meio bizarro, sei lá, talvez, banal, artificial.

Acho que no começo Elana estava mais para Villa Mix do que pro Gaiola. Senti que Elana se identificava mais com as meninas loiras e tentou se aproximar de Isabella, sendo que esta não se identificava com Elana. E muitas vezes, essa identificação é classista e étnica. É aquela história: é dos meus ou é das minhas, isto é, grupo de pertencimento.

Isabella votava em Elana e vice-versa, primeiramente, por uma questão de afinidade, depois, por uma questão de uma disputa tácita, oculta, por Maycon. Acho que aí os sentimentos afloram mais, ou seja, sentimentos de competição, de disputa camuflada.

O que aproximou mesmo Isabella de Elana foi quando esta última começou a vencer as provas de líder. Isabella tremeu nas bases e tentou quebrar aquela imagem de inimiga, de rival. Só que durou pouco, depois que Maycon foi eliminado por Elana e Dan.

Este jogo afetivo, de amor e raiva, despeito e inveja camuflados, fez com que as duas travassem uma batalha mais aberta e menos cínica. As duas mostraram as suas espadas para esgrimar. Isabella jogou ininteligentemente  Elana no monstro e Esta deu o troco, jogando Isabella no Paredón. Chumbo trocado. A questão é: Isabella foi corajosa e não puxa-saco quando deu o monstro para Elana e Dan? Ou ela foi vingativa, presumindo que Elana iria lhe pôr no paredão? Elana não teve fair play e achou que Isabella fez de propósito? Ou Elana não confiou nessa aproximação e admiração de Isabella por ela quando ela venceu as três lideranças? Olho é olho. E cada percepção contaminada por um sentimento. Acho que Isabella não foi estratégica e se pôs no paredão. Ela poderia ganhar pontos se não pusesse Elana no monstro, e Esta se pusesse Isabella no paredón, demonstraria para o público “rancorismo”, “vingatismo”. Aí sim Isabella venceria essa parada. Caso não acontecesse nada, nem com uma nem com a outra, ou seja, as duas se esgrimindo, Isabella, talvez, continuaria hoje no jogo. Só não sei quem Elana mandaria para o paredão.

Não vou “monstruar” a personagem Isabella no BBB. Isabella tem seus encantos, sua educação, sua capacidade de domínio emocional, no que diz respeito a não barracar. Eu, pessoalmente, gosto do jeito dela, da sua elegância humana. Acho que a única relação verdadeira de Isabella no jogo foi sua relação com Carol peixinho. Uma amizade que pode continuar aqui fora.

A sua saída da casa foi uma das mais educadas, belas e serenas que já vi neste BBB. Sem a histeria de Hana, sem a boçalidade de Diego e Gustavo. Sem a indiferença de Maycon. Isabella desejou a todos “Boa Sorte”, saindo sorrindo, abraçando Elana, sem rancor, sem ressentimento, mas com serenidade de que já tinha cumprido a sua missão no BBB. Como disse nos comentários, se Isabella tivesse sido esta Isabella da despedida, com certeza, teria conquistado o público. Acho que o público do sofá gostava dela. Mas o problema é a união das grandes torcidas de Elana e Dan que fizeram-Na sair. Hoje quem dá vitória ao BBB é a torcida que vota dia e noite direto e não mais o público do sofá. Acredito que se apenas pudéssemos votar uma vez só, todos os BBBs teriam vitoriosos diferentes. BBB não é voto de eleição política e sim de torcida aquecida que tem predisposição para votar centenas de vezes.

Parabéns Isabella, você não fez feio no BBB. Apenas jogou e não era obrigada a gostar de alguém com quem não tinha afinidade ou com quem não se identificou. Vida que segue como futura médica. 

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