O que faltou dizer de Lucas, por Acioli

O fiel de Taubaté é do Nordeste, mas o carinhoso apelido que recebeu da audiência, fazendo alusão à famosa falsa grávida que enganou o Brasil inteiro com a suposta gravidez de quadrigêmeos, resume o motivo pelo qual hoje Lucas está aqui fora, e não lá dentro.

Se dizendo apaixonado pela noiva que deixou em casa, não se privou de viver uma estória com Jéssica.

Com direito à abraços colantes, beijinhos no pescoço, conversinhas ao pé do ouvido, massagens e gemidos na madrugada, dormir de conchinha e até fazer o DJ em festa Feat.

E a cada furada de olho na pobre Ana Lúcia, Lucas se esvaía em um pranto sentido de arrependimento.

Mas porque? Como um cara inteligente, lúcido e esclarecido poderia achar que este tipo de jogo não teria consequências?

Essa explicação não é simples, mas é fácil de entender.

Vamos do início.

Lucas baseou toda a sua trajetória na casa em um pilar, o Medo. Que foi o único responsável por desenhar a sua conduta antagônica.

Por certo ele cometeu alguns pecados no caminho, que não à toa, geraram o medo.

Começando pela vaidade, na certeza de que a bela estampa + simpatia + boa educação seriam garantia de sucesso e passaporte para a final.

E também por vaidade, Lucas parecia um político demagogo em campanha.
Falava de si próprio na terceira pessoa, fazia discursos intermináveis, tentava justificar o injustificável, prometia e não cumpria.
Completou com louvor a cartilha do soberbo político tão velha conhecida de todos nós.

Mas mesmo sendo assim tão vaidoso, quando se viu no jogo, o medo de não conseguir avançar o dominou, e então originou todas as suas atitudes contraditórias.

Começando pelos votos.

Perseguiu Gleici, que nunca o ameaçou de fato, mas porque na primeira semana achou que ela fosse o elo mais fraco da casa, e continuou insistindo nela pelas semanas seguintes por puro medo de arrumar outros desafetos. Mas no fundo, de fato arrependido por mirar sempre naquela menina.

Na Família, votou de supetão, após atender um Big Fone que disse que não queria atender, pelo mesmo motivo. Medo. Ayrton era seu 'amigo', e estava sendo rejeitado e segregado por parte da casa, e isso deu a Lucas uma brecha para indicar quem ele achava que era fraco, e que talvez não voltasse do paredão. E, o mais importante, alguém que ele sabia que não voltaria suas armas contra ele, depois de um bom blá, blá, blá político. Mas também dessa decisão se arrependeu.

Sempre o medo influenciando a decisão do voto, e os bons sentimentos o fazendo se arrepender depois.

Outro grande pecado de Lucas é falar demais.

Levou pra dentro do jogo uma noiva que não foi selecionada para participar do game, mas que foi a grande responsável pela sua eliminação.
E ele não a levaria para lá se realmente não a amasse muito, o que gerou a maior contradição de todas, se deixar envolver por Jéssica mesmo assim.

Mas porque? Qual a explicação? Simples. Hashtag Medo.

Medo de repelir Jéssica e perder a única aliada que estava lacrada com ele.

Lucas foi tão fiel à esta aliança e a Jéssica lá dentro quanto desejava ser com a noiva aqui fora.

Ele aceitava as investidas de Jéssica para mante-la presa à ele e permanecer sendo objeto da sua proteção ferrenha. E, em contrapartida ele é homem. Complicado, por mais que ame uma mulher, resistir à uma outra que fique se oferecendo, se insinuando e se esfregando. É bem difícil, e os homens de um modo geral são fracos à este tipo de estímulo. Ele não foge à regra.

E após ceder às tentações, o arrependimento batia forte. E o medo dominava. Afastando-o cada vez mais do objetivo.

Mas ele não é de jeito nenhum o vilão que as torcidas fabricaram.

Se todos aqui, que me lêem, que por acaso traiam ou já traíram seus parceiros, fossem considerados vilões, imagino que esse mundo seria totalmente dominado pelo mal, né não?

Eu costumo dizer que taxar alguém de vilão em RS é banalizar a palavra.

Vilão de verdade é mau, só pensa em si mesmo, quer ver a ruína de todos e o seu triunfo só acontece se ele conseguir descartar todo mundo pela desconstrução da imagem do outro, ou pela violência.

O que vemos ali dentro é o comportamento de pessoas para atingir seus objetivos. Como cada um lida com aquela pressão,  onde aperta seu próprio calo, e como cada um cuida dele.

Sem que seja necessariamente um comportamento bom ou mau, e sim, apenas certo ou errado para atingir o objetivo de levar o prêmio.

Jogar é preciso. Isso é um game, afinal, ou é Colônia de Férias?

Então quem joga, não é vilão, vilão é quem usa de artifícios neste jogo, como fingimento, traição ao aliado, mentiras para queimar o adversário, manipulação para se beneficiar, enfim, igualzinho a um vilão na vida real, e o Lucas não fez nada disso.
Todas as trapalhadas dele só atingiram à ele mesmo. 

E no final, ele também nem jogou de fato. Só tentou.
Ensaiou uma atravessadinha pelo gramado levando a bola, mas não soube driblar o principal adversário, ele mesmo, e perdeu a bola e o possível pódio.

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