Do Cantinho da Shadow: BBB18 – O Protagonismo dos Triângulos

A cada semana as alianças entre os participantes são fundamentais para determinar sua sobrevida no jogo.

Em várias edições vimos duplas e casais sendo shippados e se fortalecendo no jogo.

No entanto, esta edição é diferente. Não há casais. Há triângulos. Ufaaa... Ainda bem!!!

Casais são chatos e repetitivos. O enredo é sempre o mesmo: DRs, edredons, beijos, juras de amor eterno, DRs, edredons... Triângulos não. São imprevisíveis. Em determinado momento são equiláteros, mas também podem ser escalenos, isósceles e, se unidos um ao outro, podem ser losangos... Tudo dependendo do desenho a ser traçado.

Não por acaso são o pano de fundo da velha e conhecida escola shakespeariana, novelões e filmes.

E nesse quesito o BBB não decepcionou. Tem triângulos pra todos os gostos:  Ayrton-Breno-Ana Clara; Jaqueiline-Ana Clara-Breno; Jaqueline-Paula-Jéssica; Caruso-Paula-Wagner; Ana Paula-Diego-Patrícia; Jéssica-Lucas-a noiva; Caruso-Lucas-Wagner-Viegas, okok... um triângulo de quatro; Ana Paula-Diego-Patrícia; Gleisi-Mara(adeus)-Nayara; participantes-Kaysar-público, liderança-Mahmoud-gravatinhas borboleta.

Ufaaa.... Será preciso ser bom em geometria para acompanhar o BBB18??? Na verdade, só será preciso uma boa dose de empatia e de bom humor.

Desde o início, o público criou uma ferrenha antipatia pela família Lima. Mas, se fizermos o exercício de deixar a animosidade de lado, será inevitável não reconhecer que, tanto Ayrton quanto Ana Clara, renderam bons momentos ao lado do Breno.

Não por acaso o trio tem sido destaque nas edições.

Ayrton é uma espécie de “o pai da noiva” tupiniquim. Aquele que caindo de sono, permanece sentado sem tirar o olho da filha, enquanto a festa e a azaração estão apenas começando. Isso, após haver dito que “é pra curtir isso aqui!!!”??? Ora, a filhota está fazendo o que ele sugeriu: curtindo!!! Tivesse sido mais assertivo, como a mãe foi.

Ou seja: perdeu a moral pra se impor. É o que se viu quando ele disse pra ruivinha ir pro quarto e, a moçoila, esgueirou-se pro quarto do Breno. Olha que lindo!!!  Juro que tava vendo a hora do Ayrton abrir a porta e pegar a rebelde dando uns amassos. Certeza que não fui a única a pensar isso. O Breno também deve ter pensado, rssss....

Tanto é que depois disso, ele decidiu se afastar da guria, dizendo ser “por respeito ao pai”. Conversa!!! É medo mesmo. Lembremos que faz parte do inconsciente coletivo a figura do pai com a espingarda na mão dizendo: “agora ocê vai ter qui casá com a minha filha”. Paura define!!!

Tem-se a impressão de que se o Ayrton não estivesse na casa, o rapaz ficaria “di boa” com a Ana Clara. Ela parece ter mais a ver com ele do que a Jaqueline. Mas... convenhamos que a presença do tiozão, coloca uma pitada de pimenta a mais, dando vida a um outro triângulo: Jaqueiline-Ana Clara-Breno.

Não pensem que o centro desse triângulo é o Breno. O centro são a Ana Clara e a Jaqueline. Esse trio só existe por conta de uma animosidade e disputa velada entre as duas, envolvendo vaidade, rivalidade e sedução. Uma luta de MMA entre belas para “saber quem fica com Breno”.

Deve-se reconhecer que as duas são tinhosas. Jaqueline saiu na frente, mas quem beijou primeiro foi a Ana Clara, ahahaha... E olhem que não deve ser fácil alguém passar a perna na Jaqueline, ali sobra astúcia. Agora, como era de se esperar, Jackie partiu pro segundo round, enroscou-se de novo no rapaz, sem deixar de estampar isso na cara da adversária fura olho... Tenso!!! Isso costuma ser interpretado como desaforo. Vai ou não ter volta???

Jaqueline gosta de se sentir empoderada e o centro das atenções, e por afinidade acabou se aproximando da Paula e Jéssica, formando outro triângulo, o das “meninas poderosas”.

Esse trio se complementa e é unido. Elas são articuladas, engraçadas e vorazes. A mais comedida é a Jéssica, o que dá um equilíbrio e certo glamour à trinca. Paula, por sua vez, é a força desse triângulo. Traz com ela o espírito competitivo de todo atleta. É determinada. Decide sem vacilar, até por saber reverter um placar adverso e quebrar o saque do adversário.

O bom jogador respira fundo antes de sacar para ter o total domínio da bola. Esse autocontrole e autoconfiança chamaram a atenção do Caruso e do Wagner, o que acabou formando o triângulo Caruso-Paula-Wagner. Eles (Caruso e Wagner), à diferença de Ana Clara e Jaqueline, são parceiros entre si e muito semelhantes, não apenas fisicamente, como no modo de agir. São cavalheiros, atenciosos, bons de papo, o que estimula o jogo de sedução da jogadora Paula.

Ela é a “Dona Flor e seus Dois Chushs” do BBB18. E que ninguém ouse chegar perto!!! Na última festa já mandou um “sossega esse facho” pra Ana Clara, referindo-se ao Caruso e delimitando o território no verbo. Quem ficará com Paula??? Façam as suas apostas.

Por outro lado, outros se perguntam: “Quem ficará com o Lucas???”. Aqui temos outro triângulo: Jéssica-Lucas-a noiva. O mais interessante é que faz parte desse trio, uma pessoa que não entrou no BBB, que a gente não faz ideia quem seja, mas ganhou vida própria: a noiva. Alguém que vai ficar no nosso imaginário, porque a foto dela não foi colocada no quarto do líder. Isso não se faz produção!!!

Aliás, neste momento, a liderança foi muito bem-vinda para o Lucas. Teve que sair da zona de conforto. E revelou ser um excelente competidor durante a prova. Demonstrou ter foco e boa concentração. O chove não molha com a Jéssica, o “mea culpa” sem ter feito nada, lembrar toda hora que é noivo, fiel, bom moço, já estava ficando cansativo. BBB não é lugar para autopromoção. Enfim... sendo líder teve que se ocupar com a indicação ao paredão e se comprometer com o jogo. Se bem que quem ele queria indicar, não era quem ele indicou. Ayrton agradeça a Ana Clara por isso!!!

E triângulo de quatro, pode? Pode. Da mesma forma que pode dois valendo um. No BBB pode tudo!!!

Lucas e seus três amigos: Caruso-Wagner-Viegas, o triângulo quadrilátero perfeito. A afinidade entre eles se deu no primeiro dia. Estão sendo apelidados aqui fora de “cuecas”. Já foram injustamente rotulados de machistas por terem se agrupado para disputar a primeira prova. Mas, na verdade, são como uma fraternidade. “Frater” significa irmão. Após várias edições, enfim foi possível conhecer saradões que não estão lá apenas para exibir os músculos e pegar as meninas mais bonitas. São gentis, participativos, dividem as tarefas com as mulheres, se divertem, mostram ter conteúdo. Uma grata surpresa.

Da mesma forma que é admirável a habilidade do triângulo Ana Paula, Diego e Patrícia para conduzir as votações. Os paredões estão sendo desenhados por eles, com apuro e sem fazer alarde.

Ana Paula pode ser chata, falastrona, irritante, desbocada, mas a garota joga muitoooo... Já conseguiu transformar um paredão triplo em duplo, escolhendo a adversária e, na última votação, direcionou os votos para escapar e colocar o seu desafeto na berlinda, no melhor estilo de “a vingança é um prato que se come frio”.

Claro que sozinha ela não faria isso. Diego e Patrícia são os grandes articuladores. Eles sabem ler as nuances do jogo, convencer com as palavras e fazem uma leitura correta dos pontos fortes e fracos dos adversários. São observadores e conseguem montar estratégias com paciência e sutileza, sem que os demais percebam o direcionamento. Isso é inteligência tática.

E inteligência tática é o que faltou/falta ao trio Gleisi-Mara(adeus)-Nayara. Hoje triângulo de dois. Se alguma dúvida houvesse quanto à eliminação da Mara, a certeza veio na sua saída. O “Fora Temer”, inadequado e fora de contexto, mostrou o acerto do público ao decidir “Fora Mara”. BBB não é showmício ou palanque. Quem quiser fazer militância que o faça no lugar adequado. Aliás, uma cientista política que tem lado, é de chorar. O que menos fará é uma análise conjuntural criteriosa, mas lavagem cerebral.

Mara era o centro do trio. Restaram Gleisi e Nayara. Talvez o que ainda una Gleisi e Nayara sejam as ideias. Ideias demais, realidade de menos. Diante da Jaqueline, Gleisi decepcionou. As duas, na qualidade de anjo, teriam que tomar as decisões em conjunto. O que se viu foi Jaqueline decidindo e Gleisi concordando, em especial, ao dar a imunidade à Jéssica. Esperava-se mais da menina que se diz ativista social. Nayara por sua vez, a gente só se lembra dela no momento da votação. E preferiria continuar sem lembrar. As justificativas de voto dela na linha do “politicamente correto” são estúpidas e vazias: “voto na fulana porque ela é loira, bonita e pode ganhar dinheiro lá fora”, “voto para proteger um negro, porque um negro nunca ganhou o BBB”. Esse discurso não cola. Nas entrelinhas, ela está dizendo que só tem vez quem é branco e bonito. Sorry, mas preconceito é o que ela faz. Fosse verdade o que diz, Mara e Jean Wyllys não teriam sido vencedores em suas edições. Nayara faz a mesma linha da Mara. Quer levantar bandeiras?, que o faça fora do BBB.

Contrapondo-se a ela  e no topo do queridômetro, está o personagem politicamente incorreto, Kaysar. Entenda-se personagem não como algo negativo. Mas, positivo, porque eficaz. Ele encontrou o ponto e a medida certa de jogar pra dentro e fora da casa. É divertido sem ser caricato. É simpático sem ser forçado. É inteligente sem ser clichê. É ingênuo sem ser bobão. Até aqui, é quem melhor está sabendo fazer a triangulação: participantes-personagem-público. Se conseguir segurar o personagem, vai longe. Afinal o que as pessoas querem é diversão. E ele está dando isso, sem cobrar postura de ninguém.

E por fim... aquele que está conhecendo a maldição do líder. E olhem que ele já estava vendo a coroa do líder de novo em sua cabeça. Foi por pouco, muito pouco. Também quem mandou não excluir da prova o mais atlético do grupo??? O triângulo liderança-Mahmoud-gravatinhas borboleta se quebrou. A liderança virou fumaça. E no plano dos mortais acabou pagando por ter indicado Ana Paula, que pra sua desgraça voltou com sangue nozoios. O que não teria mudado muito caso a Mara tivesse voltado. Ao indicá-las, ele se jogou de cabeça no caldeirão. E pra piorar, ainda teve que excluir seis, na verdade cinco (Jéssica se autoexcluiu), da prova do líder, colocando sua cabeça a prêmio com quase toda a casa. A primeira liderança é cilada. Confesso que eu só me esfalfaria pra pegar se valesse algo muitooo bom, como um carro.

Enfim... reality que segue, geometricamente desenhado...

Shadow / Mariasun Montañés
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