Do Cantinho da Shadow: NOSSO ADEUS À FAZENDA SEGUNDA CHANCE

NOSSO ADEUS À FAZENDA SEGUNDA CHANCE

Após uma longa espera a AFazenda voltou. Desta vez prometendo dar uma segunda chance a quem já havia participado de realities.

A proposta parecia ser interessante, afinal quem alguma vez na vida não desejou poder voltar atrás e fazer tudo diferente.

Mas, a gente sabe que voltar não é possível. Tudo se reduz à sabedoria e saldo do que se aprendeu para não repetir os mesmos erros. Então, na verdade, o que se tem não é uma segunda chance, mas a oportunidade de mostrar o aprendizado e o quanto a vida ensinou.

Nesse ponto, AFazenda não poderia haver sido mais ilustrativa.

Como um espelho, o reality mostrou o que o tempo é capaz de fazer com as pessoas. Ele pode nos tornar mais amargurados, descrentes, ranzinzas ou maledicentes. Ele pode nos aquietar, enquanto o vemos passar. Ele pode nos ensinar a controlar a raiva, na busca do equilíbrio. Ele pode preservar a alegria de viver, enquanto homenageamos a vida. Assim como ele nada pode fazer, quando nos recusamos a mudar e somos reféns de nossos instintos e loucura.

Para revelar isso, ex BBBs, AFazenda, Power Couple, OAprendiz, Master Chef, ACasa, se encontraram em Itapecerica da Serra.

Ao vê-los passar pela porteira, o improvável surgiu: Marcos Harter engatando um reality no outro. Nitidamente houve zelo e cuidado com a exposição desse participante, que lenta e gradualmente foi ganhando destaque nas edições, para amenizar a rejeição com que era/é visto aqui fora. O seu favorecimento na disputa das provas do fazendeiro em detrimento dos outros, e, de envelopes mágicos direcionados para protegê-lo das roças, logo deixou claro que a aposta da direção pela audiência estava nele, desde a sua seleção até o empenho hercúleo em conduzi-lo até a final.

Uma aposta que a princípio parece haver sido bem sucedida, mas que como veremos atestou o próprio fracasso.

Com tantos realities realizados pela Record, alguns deles, diferenciados e de uma qualidade exemplar, como OAprendiz, e com tantos participantes interessantes que passaram por lá e em outros realities, a direção optou por focar apenas em um, recém eliminado de forma vexatória do BBB, atração que rivaliza diretamente com AFazenda.

O que a Record quis provar ao selecionar esse participante para estar em AFazenda? Que a Globo errou ao expulsá-lo? Que seria capaz de convertê-lo diante das câmeras? Que o participante alavancaria a audiência?

AFazenda tanto focou nisso, que não viu o mais importante: a oportunidade de impulsionar os realities da própria casa.

Em razão das regras nas duas últimas votações, perdeu a chance de ter na semifinal e até na final representantes do BBB, de ACasa e AFazenda.

Nesta etapa decisiva do jogo, jamais a votação poderia ser para quem “fica”, mas para quem “sai”. Além de não refletir a vontade da audiência, foi injusto com aqueles que mereceriam ir além, mas não têm um fã clube consolidado. Em outras palavras: as duas últimas votações mediram apenas a vontade de torcidas, não do público. Pois este em peso teria votado pela eliminação do doctor.

A escolha do Marcos para participar de AFazenda foi equivocada desde o início. O que se teve nada mais foi que uma overdose do mesmo participante por seis meses consecutivos, avesso ao convívio em grupo, destrutivo, altamente hostil, agressivo, perverso e obsessor. Arrogante, debochado e desrespeitoso até mesmo com a direção e o apresentador dos realities. De segunda chance, nada se viu.

Se a escolha se deu em razão dele ser polêmico, a direção e a produção desmereceram outros participantes com alto poder de combustão revelados pela própria AFazenda, mas possuidores de atributos importantes em um reality, como caráter, retidão e civilidade. Participantes que poderiam ter rendido bem mais, sem a necessidade de transformar AFazenda num campo de guerra 24 horas por dia, onde desavenças e perseguições infundadas se transformaram em massacres psicológicos e morais.

Além disso, sejamos claros, a participação do Marcos não passou da continuação do BBB17, sem tirar nem por. Inclusive a briga com a Monick, onde ela foi acuada face to face pelo marmanjo, fez lembrar a que ele protagonizou com a Emilly e que terminou na delegacia. Recuso a acreditar que essa seja a receita de sucesso do diretor, que tanto protegeu e poupou o participante até aqui.

Não fosse isso, no embate de quem sai (e não de quem fica) Rita x Marcos X Monick, Rita ex AFAzenda, teria avançado para a semifinal.

O jogo externo da Rita foi péssimo. Mas, convenhamos que em se tratando de uma segunda chance, à diferença do Marcos, ela inovou. Quando de sua primeira participação em AFazenda, teve um desempenho pífio. Desta vez, apesar de um início cambaleante, arregaçou as mangas e fez um brilhante jogo interno. Conseguiu amarrar a todos para não ser votada e, se alguém pensasse em fazê-lo, o sentimento de culpa seria maior que a vontade de votar nela. Foi magistral!! Conseguiu manter esse jogo semana após semana, sendo - inclusive - a mentora da formação das últimas roças, sem que eles notassem a manipulação. Ela era merecedora de estar entre os quatro finalistas. Assim como Monick, ex ACasa, era merecedora de estar na final.

Uma expressiva parte do público rejeita a arrogância, a soberba, a estupidez e a incapacidade de conviver em grupo. E num reality é isso que conta.

A participação do Marcos se restringiu a fazer tralhas, de gosto duvidoso, enquanto rendia VTs, era devorado por ideias persecutórias e bradava que estava ali para defender a verdade. Que verdade? Palavras vazias e frívolas para mascarar a sua própria verdade, plasmada em uma paranoia injustificável e total incapacidade de conviver, ouvir e dialogar.

Monick, por sua vez, cresceu no jogo e não há quem não tenha lamentado a sua eliminação.

Ela que tinha tudo para haver sido eliminada na primeira semana. Desconhecida, com pouca projeção nas redes sociais, vinda de um reality superpovoado, onde se desconhece o nome dos participantes e até o de quem ganhou. Que chances ela teria diante de pessoas com espaço no meio artístico e daqueles que tiveram seus quinze minutos de fama e ainda dão o que falar? Quem no início apostaria que ela chegaria entre os quatro semifinalistas? Eu que não!!!

Mas ela chegou. A sorte ajudou, no entanto, também há mérito aí. Soube encontrar seu lugar no jogo ao lado do Yuri e ir conquistando a simpatia de outros participantes. Quando a disputa afunilou e foi colocada à prova, não decepcionou. Com boa resistência física e garra de leoa mostrou que não era uma participante para ser subestimada nas provas. A constatação disso, foi não haver se negado a disputar a última prova, mesmo lesionada.

Também demonstrou postura e firmeza quando ameaçada e afrontada pelo Marcos, desnudando o lado perverso do participante.

Monick aproveitou a segunda chance para que a conhecêssemos, o que não conseguiu em ACasa. Cresceu e foi a grande revelação de AFazenda.

Hoje estão na final Flávia x Matheus x Marcos disputando o ouroooooo... Diga-se: três ex BBBs.

O intento da emissora em alavancar a audiência com o Marcos nas últimas votações, conduzindo-o descaradamente até a final em detrimento da segunda chance de ex Fazendas e outros participantes, serviu apenas para promover o BBB, reality que estará no ar daqui a um mês. Boninho agradece!!!

Aliás, o próprio participante se encarregou de não deixar ninguém se esquecer do BBB. Dia sim dia também, de forma piegas e ri-dí-cu-la, Emilly e Boninho foram lembrados. Boninho deve estar rindo até 2020.., afinal ele faz a linha do “falem mal mas falem de mim”, bem como, a Emilly, afinal ela obteve a sua redenção. Por tudo o que se viu também em AFazenda, ficou mais do que demonstrado, que o responsável pela expulsão do BBB foi unicamente o Marcos. Félicitations Emilly!!!

Matheus foi o primeiro finalista, após haver disputado uma prova onde Flávia e Monick, apesar de guerreiras, dificilmente conseguiriam superar a força física de um homem. Ou seria vencida por ele, ou pelo Marcos. Como o foi.

Pode-se dizer que Matheus chegou à final sem fazer muito alarde. Foi avançando no jogo devagar, comendo pelas beiradas, no melhor estilo mineirinho de ser. Quando tudo parecia perdido, mostrou sua força e agilidade nas provas para escapar da berlinda e assim chegar à final, sem nunca ter ido a uma roça. Isso não foi apenas sorte ou acaso. Foi mérito dele. Soube aproveitar a sua segunda chance.

Nesta reta final protegeu a Flávia, sua aliada por afinidade desde o início. E foi graças a essa parceria, que ele conseguiu chegar à final. Para a sua vitória e desempenho na última prova, foi determinante e decisivo o vibrante incentivo e estímulo que ela lhe deu. “Vaiiiiii Matheussss... Vai Matheussss... É a final!!!”, isso o fez reunir forças quando as pernas não respondiam mais, e chegar até o fim. Um “Vai Matheus...” “Falta pouco!!!”, que não apenas o motivou, mas também à galera de casa. Não há quem não tenha vibrado junto: “Vai Matheus”!!!

Aliás, vibração é o que melhor define a Flávia. É admirável ver a sua espontaneidade, alegria e alto astral, bem como, a sua lealdade aos amigos. Qualidade que marcou também sua passagem pelo BBB7, onde sua eliminação se deu por haver se recusado a colocar no paredão o casal Íris e Alemão, seus aliados. Atitudes que fazem um vencedor e são cada vez mais raras, diante do jogo dissimulado e artificial que se vê hoje em dia nos realities e até no mundo real.

A Flávia é uma participante rara, em extinção. Soube acolher quando necessário, se emocionou diante de gestos de carinho e chorou quando magoada, como qualquer pessoa sensível faria. Soube respeitar a dor, como fez com a Monick após o embate com o Marcos, num silencio respeitoso, quando outros de alma pequena e mesquinha teriam aproveitado para aumentar a combustão.

Ela remete às primeiras edições do BBB onde os participantes eram mais honestos, íntegros, leves, divertidos no confinamento. Ainda conserva a coerência e a ética que até os mais polêmicos tinham há dez anos.

Flávia é um frescor diante do que estamos acostumados a ver nas últimas edições. Traz os bons tempos do BBB, onde as pessoas se encontravam nas redes sociais para torcer, comentavam para trocar ideias e se divertir de forma lúdica, mesmo que cada um tivesse suas preferências e favoritos. Havia respeito. Não à toa boas amizades surgiram desses encontros.

Hoje o ódio, a intolerância, o fanatismo, imperam. Amigos se separam e bloqueiam por conta de algo tão passageiro, como um reality.

A vitória da Flávia, se se confirmar, além de ser um alento, por significar o resgate do que temos de melhor em nós, representará também o resgate de um elo que se perdeu ao longo do tempo. Indiretamente, a participação dela está dando uma segunda chance a nós, enquanto público.

Quando o riso aberto incomoda mais que agressões verbais, algo está muito errado.

No momento, ela é a franca favorita. Mas, favoritismo não é sinônimo de vitória. Nada está ganho. O empenho de cada um na votação é o que irá confirmar isso, ou não.

Vou ficando por aqui...

Amei estar aqui mais uma vez, trocando ideias, debatendo, recebendo e dando carinho. A partir de agora começo a pensar nas merecidas férias... \o/ \o/ \o/

Divirtam-se votando nesta reta final. Muita luz e boa sorte a todos!!!

Um abraço fraterno em cada um!!!

Shadow / Mariasun Montañés
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