Reprodução/Governo do Piauí
TCE do Piauí investiga suposta irregularidade  

A notícia que movimentou os bastidores envolve ninguém menos que Whindersson Nunes. Uma empresa ligada ao humorista fechou um contrato milionário, de R$ 11 milhões, com a Secretaria de Educação do Piauí para fornecer kits de robótica e treinamento a professores da rede pública. O detalhe que chamou atenção: o acordo foi firmado sem licitação e virou alvo do Tribunal de Contas do Estado.

O contrato inicial era de R$ 4,9 milhões, assinado em agosto do ano passado, mas foi aditado e já chega aos R$ 11 milhões, com validade até agosto do próximo ano. A verba vem de recursos federais, repassados ao estado pelo FNDE. A justificativa da secretaria foi que a empresa contratada, a Tron Atividades de Apoio à Educação, teria qualificação técnica diferenciada, mas documentos do próprio órgão reconhecem que outras companhias poderiam prestar o mesmo serviço.

Na prática, o TCE-PI recebeu representação apontando indícios de favorecimento e violação dos princípios da isonomia e da competitividade, previstos na Lei de Licitações. O conselheiro Kleber Dantas Eulálio determinou a apuração do caso, após parecer do Ministério Público de Contas. Agora, a área técnica do tribunal vai analisar os documentos e decidir sobre eventuais medidas.

Enquanto isso, o governo do estado chegou a comemorar os resultados do programa, promovendo eventos de certificação para professores e divulgando os avanços no ensino de robótica. O próprio Whindersson participou da entrega de diplomas a docentes que passaram por uma formação de 92 horas, abordando programação e cultura maker, além de se mostrar empolgado em incentivar a tecnologia nas escolas piauienses.

A defesa do influenciador, no entanto, apresentou outra versão: Whindersson seria apenas embaixador institucional da Tron, num modelo chamado “media for equity”, em que troca divulgação por participação. Segundo os advogados, ele não possui ligação direta com a empresa do Piauí, que seria uma licenciada do método Tron. Mesmo assim, publicações recentes do próprio artista e do governador Rafael Fonteles se referem a ele como sócio do fundador da companhia, o empresário Gildário Dias Lima.

Com a investigação em andamento, a Tron afirma estar à disposição para prestar esclarecimentos e garantir a legalidade do contrato. Já a defesa de Whindersson reforça que ele não tem responsabilidade administrativa sobre a firma local. O caso ainda deve render desdobramentos e acirrar o debate sobre transparência, contratos públicos e o papel de influenciadores em negócios de grande porte. 
 
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Fonte/Créditos: Andre Shalders - metropoles