O fim de casais como Zé Felipe e Virginia ou, mais recentemente, Carlinhos Maia e Lucas Guimarães gera comoção nas redes. Mas por que sentimos tanto? Especialistas explicam: não é futilidade — é projeção, apego e, sim, luto.
Quando casais famosos anunciam o fim do relacionamento, como Zé Felipe e Virginia Fonseca ou, mais recentemente, Carlinhos Maia e Lucas Guimarães, as redes sociais são inundadas por reações emocionadas. Muitos internautas lamentam, outros se revoltam, e há quem passe dias debatendo o assunto. Para alguns, tudo isso pode parecer exagerado. Mas, segundo especialistas, essa comoção tem raízes profundas no funcionamento emocional e inconsciente das pessoas. O fenômeno é real e chama-se luto coletivo.
Na psicologia, entende-se que essa dor social vem da criação de vínculos parasociais — laços emocionais unilaterais que o público estabelece com celebridades. Mesmo sem contato direto, os fãs acompanham o dia a dia dos casais, torcem por eles, se inspiram em suas rotinas e constroem uma espécie de relação imaginária. Quando esse casal se separa, há uma sensação de perda real, quase como se um relacionamento próximo tivesse acabado.
Além disso, casais midiáticos costumam representar ideais coletivos de amor, sucesso e superação. No caso de Zé Felipe e Virginia, a imagem da família jovem, bem-sucedida e apaixonada se tornou um símbolo nas redes. Já Carlinhos e Lucas representavam, para muitos, a ideia de um relacionamento homoafetivo estável e admirado. Quando essas imagens se rompem, o público sente que perdeu mais do que uma dupla: perdeu a fantasia de um amor possível e duradouro.
Outro aspecto que intensifica esse sofrimento é o chamado efeito espelho. O fim de um relacionamento famoso muitas vezes ativa dores pessoais em quem acompanha. Términos mal resolvidos, separações traumáticas e medos afetivos emergem com força, e o luto coletivo se torna, na prática, uma maneira social de elaborar feridas individuais. Ao lamentar o fim de um casal, o indivíduo está, muitas vezes, lidando com seus próprios sentimentos de perda.
Na visão da psicanálise, o luto coletivo é interpretado como resultado de projeções inconscientes. Casais famosos tornam-se “objetos ideais” nos quais o público deposita desejos, carências e fantasias. Quando esse objeto se desfaz — quando o casal se separa — o sujeito vivencia um tipo de luto simbólico, pois perdeu o ideal no qual investiu afetivamente. É como se algo muito íntimo fosse arrancado, ainda que essa relação tenha sempre sido distante.
A psicanálise também aponta que esses términos provocam uma ferida narcísica. Se até os relacionamentos mais expostos, felizes e admirados não resistem, o que dizer da vida amorosa do público comum? Esse confronto com a realidade ativa sentimentos de instabilidade, finitude e frustração, e reforça o retorno de uma sensação de vazio — a falta, tão central na teoria psicanalítica.
Em última instância, o sofrimento coletivo causado por términos famosos revela muito mais sobre quem sente do que sobre quem se separa. O público se apega a histórias que o fazem sonhar, se emocionar e acreditar. E quando essas histórias terminam, parte dessa esperança termina junto. O luto coletivo não é futilidade: é a expressão legítima de dores humanas, projetadas em histórias que pareciam perfeitas.
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