MasterChef - A Revanche | Thiago Gatto, por Lédson Guimarães

Texto recebido em 04/12/2019

Foi debaixo de muitas lágrimas que chegou ao fim a participação do major Thiago Gatto na reta final do MasterChef – A Revanche. Muito querido pelo público, concorrentes e jurados, o carioca de 36 anos é outra vítima do destino zombeteiro que permeia a cozinha do programa; é que, assim como na temporada anterior em que competiu, o major deixou o avental logo após a eliminação da colega Katleen, ficando em quarto lugar.

Os motivos de tamanha comoção dos jurados diante das difíceis decisão e despedida de Thiago são facilmente reconhecidos no carisma instantâneo, na conduta e no intenso comprometimento do candidato com a gastronomia. Tais seriedade e dedicação encheram de orgulho os três jurados e, de fato, tornam o major um dos maiores cozinheiros d’A Revanche. Entretanto, nem todo o estudo, toda a prática, treinamento, nada é páreo para o nervosismo de momento proveniente do mix da pressão do tempo e do improviso. A tensão é traiçoeira e estremece até os mais fortes. Ana Paula Padrão bem ponderou que nunca havia visto tanta desordem na bancada de Thiago. A bagunça ilustrou fielmente toda a execução dele na Prova de Eliminação. Vejamos como tudo começou. 

A prova inicial do episódio aconteceu nas instalações do Consulado Geral de Portugal, em São Paulo. O último desafio em equipes propôs para as duas duplas replicarem um menu luso-brasileiro em seis passos criado especialmente para a ocasião pelas mãos do chef brasileiro Rodrigo Oliveira e pelo estrelado chef e jurado do MasterChef Portugal Rui Paula. O susto passou quando Jacquin anunciou que o menu formado por duas entradas, dois pratos principais e duas sobremesas seria distribuído para as duplas. Vitor escolheu trabalhar com o capitão Fernando e Estefano ficou com Thiago. No par ou ímpar Fernando adquiriu as receitas das cloches 1, 3 e 5: éclair de couve-flor, baião de dois e melão infusionado no gengibre com um véu de aloe vera. Thiago replicaria um salpicão de siri, tamboril e um creme de pequi com sorbet de butiá.

O programa seria tenso e os quatro candidatos dividem bastante o grande carinho do público, imagine a torcida do Bourguignon assistindo apenas aos preparativos iniciais da prova e ver Vitor já cortando o dedo no papel alumínio! O socorro médico fez os procedimentos e, felizmente, nada atrapalhou o desempenho do jovem nesse sentido. Houveram atrasos, muitos, aliás, de ambas as duplas para entregar os pratos aos jurados para uma avaliação prévia antes de os insumos serem levados para quem realmente julgaria as receitas: quatro chefs, dentre eles o próprio Rodrigo Oliveira e Rui Paula, e Ana Paula Padrão apenas provando mesmo. As duplas tiveram 2h30min para replicar o que provaram e não fizeram feio. Alguns erros técnicos e ingredientes essenciais esquecidos não tiraram o brilho do trabalho bem executado e orientado pelo trio de chefs do MasterChef Brasil.

Claro, a ausência de um item importante da receita conta muito para a avaliação final, Thiago e Estefano esqueceram de entregar dois deles, na sobremesa de creme de pequi, então, o poejo conferia a cor verde ao prato para fazer uma alusão ao verde e amarelo nacionais. Apesar disso, a execução até a avaliação prévia nos apontava constantemente um trabalho mais consistente dessa equipe enquanto a outra entregava pratos incompletos e ainda frios. Mas houve tempo de reparar os pormenores e com decisão unânime dos jurados a vitória recaiu para Fernando e Vitor, dupla que vem conquistando uma boa ascensão na disputa.

Para Estefano e Thiago restaram o Duelo de Eliminação e o presságio de Ana Paula para o major a respeito de sua colocação retrógrada na quarta posição ocorrida após a saída de Katleen. O detalhe não deve ter abalado a mente dele, mas sim o que ele veria a seguir. A prova de eliminação lidava com miúdos, uma área em que o major tinha lá suas dificuldades. Para completar, era necessário a produção de quatro tipos diferentes de canapés, entre doces e salgados, com o uso obrigatório de morango, chocolate, ostra e foie gras e a harmonização das receitas com quatro espumantes da vinícola Garibaldi. Tudo dentro do tempo de 1h30min.

Estefano apresentou suas dificuldades, mas nada comparado às do major. Thiago se atrapalhou o tempo todo, tornou a bancada uma amostra do caos como nunca havia feito em suas passagens pela cozinha do MasterChef, esquecia quais receitas estava preparando e acabou entregando duas delas com o mesmo ingrediente obrigatório. Bom cozinheiro que é, a imensa confusão instaurada sobre Thiago não foi capaz de derrotá-lo, o trabalho foi satisfatório e mesclou-se às boas críticas recebidas por Estefano. Jacquin até mesmo avaliou que houve “defeitos dos dois lados, mas um poderia ter feito melhor”. Estefano administrou melhor a pressão e o tempo para conseguir dar um bom acabamento aos canapés. Por muito pouco o major abandonou a competição culinária, novamente às portas da semifinal. 

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