MasterChef - A Revanche | Katleen Lacerda, por Lédson Guimarães

Texto recebido em 27/11/2019

Mais uma vez o destino mostrou como curte ser irônico com os cozinheiros do MasterChef. Se eles relembrarem seus terrores ou demonstrarem temores, é batata! O destino vai zoar e até providenciar um revival. No que se refere à narrativa, tais ocorrências devem ser um prato cheio para a produção. Vimos caírem nas mãos de Vítor os mesmos ingredientes complicados de uma prova da temporada em que participou, lá em 2017 (no bendito dia do seu memorável corte no dedo), e vimos Katleen ser eliminada novamente em quinto lugar.

Tudo começou na prova da última Caixa Misteriosa do ano. Os competidores puderam escolher a bancada onde iriam improvisar uma receita com os ingredientes secretos e exclusivos contidos em cada caixa. Os insumos remetiam à mais difícil Caixa Misteriosa de cada temporada do MasterChef Amadores. Antes de levantar a caixa, Vítor recordou dos miúdos de porco, temeu e... fortuitamente, ali estavam, de volta, na intenção de causar pânico. Thiago recebeu pimentas, Estefano uma cabeça de porco, Katleen coco e milho e Fernando Kawasaki pegou raízes como batata e mandioca.

Bourguignon deu uma chave no destino, o rapaz já estudou uma receita com testículo e foi avante na ousadia. Katleen caiu naquele manjado clichê de perder com o que sabe fazer. A mineira arriscou sua 1h15min de prova lutando para confeccionar uma boa pamonha enquanto um sorvete gelava. A falta de consistência fez morada nas receitas da estudante de gastronomia nesse episódio. Ora, a pamonha totalmente líquida se esvaia do invólucro de palha, mas, por fim, Katleen conseguiu cozinhar quantidade suficiente para servir.

Fernando K. também teve a chance de encarar uma receita que lhe trouxe duras críticas em sua edição, o aligot, um purê de batata francês. Acompanhado de sobrecoxa de pato ao rum com legumes o aligot fez sucesso, Fernando dominou a receita, confirmou para os chefs toda a sua dedicação ao aprendizado gastronômico e levou o título de melhor prato do dia. Estefano chegou perto, arrancou um discurso de Carosella, emocionada com a bochecha de porco no missô, farofa e purê de abóbora. Bourguignon entregou o testículo de boi empanado com pouco aioli. Paola odeia a textura da carne mas se esforçou para avaliar. Os pormenores não tiraram o brilho do trabalho de Vitor. Esses três cozinheiros subiram para o mezanino.

Thiago serviu um magret de pato um pouco duro sobre macarrão, com pimenta em excesso ao paladar de Jacquin, num prato fundo, o que dificulta o corte da carne. Distante dos vastos elogios que os outros colegas receberam dos jurados o Major enfrentaria Katleen no duelo. Para concluir as avaliações, a mineira fez o pior prato do dia, um sorvete de milho com gorgonzola e pamonha cremosa, servidos sem gosto e pouco açúcar sob apresentação ruim. O destino de ambos os colegas da edição 2018 estava selado. O que Katleen mais temia era repetir o feito de perder o jogo na altura do Top 5.

O Duelo de Eliminação realmente honrou os anúncios de “a prova mais isso”, “a prova mais aquilo”; dessa vez, a prova mais longa do MasterChef Brasil, a conclusão ocorreria dentro de 24 horas. A dupla de concorrentes precisou testar suas habilidades na panificação com fermentação natural. Na primeira etapa, os participantes tinham 2h30min para deixarem prontas as massas de três tipos de pão (doce, recheado e tradicional com um acompanhamento). Feito isso, os preparos repousariam trancados na geladeira até o dia seguinte, prontos ou não para a finalização. A expectativa era de que as massas crescessem, mas... MasterChef é cheio de surpresas, o resultado não foi bonito como poderia ser. 

A inconsistência voltou e agiu na massa de Katleen, enquanto Thiago sovava a dele a da moça ainda era pastosa, grudenta. Persistindo muito a mineirinha alcançou o ponto, porém todo os esforços dos competidores mostraram-se frustrados no outro dia, pois as massas inflaram timidamente. Mas nem tudo estava perdido, quem sabe os fornos dariam conta de finalizar o processo. Ao passo em que os pães assavam era hora de Thiago e Katleen cozinharem o acompanhamento, na esperança sofrida de os fornos entregarem as receitas no ponto ideal.

Ao término de 1h30min, Katleen serviu um pão tradicional com ovos, numa apresentação ruim; um recheado com pastrami, tomate seco, alecrim e manjericão e um doce com frutas secas com fondant de camomila que surpreendeu Paola. Os dois últimos pães apresentaram massa meio crua porém saborosos. Thiago serviu pão tradicional com sopa de legumes e farofa espanhola, pão recheado com calabresa e parmesão, que estava saboroso sem atingir o ponto ideal, e um pão doce aromatizado com cumaru, incrustado de uvas-passas, damasco e laranja. Esse último foi, visualmente, o melhor pão, a massa estava bonita e bem assada e os jurados elogiaram bastante o sabor.

Os chefs garantiram que havia um páreo duro, mas era nítido o trabalho melhor avaliado do Major, além de que o pão doce certamente resolveria qualquer impasse. E foi o que aconteceu, os cozinheiros deram o melhor de si e demonstraram, dentro das circunstâncias impostas pelo programa, que não estão mais no nível amador – afinal, quem não se lembra de como Katleen estreou de forma brilhante sua jornada no MasterChef?, trazendo os surpreendentes pães de queijo fritos que bombaram na internet; nenhuma receita ficou aquém, os erros não foram graves, contudo, os jurados foram unânimes na decisão de que Thiago levou a melhor. Para a má sorte de Katleen, o destino zombou novamente e a cozinheira foi eliminada outra vez sendo a quinta colocada na competição.

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