Texto recebido em 30/10/2019

Se o mundo do entretenimento vem sofrendo de uma intragável, infindável e infeliz crescente falta de criatividade e bom gosto, com o famoso “mais do mesmo” sobrando no mercado, a produção do MasterChef Brasil prova que ainda há exceções e há quem se esforce para agradar ao público com inovações – o que, muitas vezes, pode significar reciclar ideias do formato mundial para o produto de casa como se fossem inéditas para boa parte do telespectador menos assíduo.

A Rede Bandeirantes começou a cansar a boa audiência com duas longuíssimas temporadas do MasterChef por ano. Especiais de Natal, por exemplo, ainda valiam como uma tentativa de manter o interesse pelo formato que já sofria desgaste. Então, para o contentamento geral, este ano a emissora tomou juízo, remanejou o programa para as terças-feiras e trouxe uma segunda leva de episódios reduzida porém repleta de aperitivos e criatividade. Aliás, a criatividade tomou fermento desde as edições de 2018.

Novas propostas de dinâmicas e desafios têm contribuído muito para atrair quem já estava se dispersando ou assistindo sem o entusiasmo inicial. A Revanche veio na hora certa, no dia certo, inovando certo. A primeira prova do terceiro episódio não poderia ter sido melhor. Quem é que gosta de reviver circunstâncias dramáticas? Ainda mais quando representaram o fim de uma oportunidade rara na vida. Mas, diante de uma segunda oportunidade a sensação de poder consertar, fazer direito e prosseguir, como antes não pôde, deve ser gratificante. Ótima ideia para uma prova! e, assim, cada cozinheiro teve de encarar na Caixa Misteriosa a receita responsável por sua última eliminação.

Todos tiveram o tempo de 1h30min para replicar a própria receita ou reinventar utilizando os mesmos ingredientes. O resultado não foi satisfatório, teve gente que conseguiu piorar o estrago anterior. Sabrina replicou a rã, só que mais crua ainda dessa vez e foi direto para o mezanino aguardar seu oponente de duelo na Eliminação. Fabio-Perfeito ficou entre os melhores pratos ao lado do Fernando Kawasaki, mas foi Bourguignon quem fez o prato perfeito, um robalo ao molho de champagne, e recebeu os maiores elogios da noite. Katleen e o Major foram medianos e ocuparam as últimas vagas no mezanino. 

Ainda não era o fim, uma segunda chance foi dada a Vanessa, que entregou uma tartelete de ricota “cheia de defeitos”, segundo Carosella; Estefano, por um ravioli de caranguejo com um molho de dendê muito forte, e Fernando Cavinato, que nomeou esperançosamente seu medalhão de palmito de Helena Risos, em homenagem à chef Helena Rizzo, convidada para a prova que o eliminou. Infelizmente para ele a receita não vingou novamente. Agora, os três precisaram entregar, em 45 minutos, frangos fritos empanados acompanhados de um molho obrigatório. Fernando teve sucesso em todos os quesitos, inclusive com seu molho resultante de uma alquimia de outros molhos. Vanessa e Estefano erraram o ponto do frango, faltaram com tempero, mas a cigana foi para a Eliminação por entregar frituras heterogêneas.

No duelo eliminatório, Vanessa e Sabrina precisaram criar um menu completo contendo obrigatoriamente três tipos de queijo. Para começar, a cigana pegou apenas dois dos condimentos e precisou apelar para a solidariedade da colega. Sabrina não recusou o auxílio, mas também solicitou do mezanino a prova inteira. Apesar disso, o resultado foi negativamente equilibrado. A pouca diferença coube à coerência empregada por Sabrina aos três pratos. O tiramisù regado a álcool de Vanessa Vagnotti contribuiu bastante para a decisão dos chefs de eliminá-la da competição.

Figura carismática, a capixaba descendente de italianos finalizou sua participação no programa com um relato comovente sobre a influência dos três na sua rotina de trabalho. Vanessa é mais uma na lista de cozinheiros eliminados fazendo aquilo que sabem fazer. No caso, a moça cozinha risoto diariamente mas cometeu equívocos na receita no dia em que mais precisou.