Texto recebido em 07/03/2019

Eu vou escrever isso como alguém que mal assiste BBB e que, no geral, acompanhava o reality através do meu pai.
O programa existe desde os meus nove ou dez anos e traz a ideia de analisar as relações humanas diante de um jogo cujo objetivo final é uma quantidade considerável de dinheiro, o famoso milhão com qual todo mundo sonha.

No começo dos anos 2000 e no inicio dos anos 201X, a fórmula era um sucesso e se encontrava de maneira constante nas conversas diárias do povo. E, de acordo com o decorrer dos anos, diversos métodos de inovação (alguns até vagamente absurdos) foram sendo criados. Retorno de velhos participantes, o grande protagonismo feito em algumas edições, pautas sobre uma diversidade de assuntos, diversidade de faixas etárias, opções sexuais etc.
E é claro que eventualmente entraríamos na era da militância política.

O BBB tenta se enquadrar de acordo com o papo da nação, ou procura criar personagens icônicos e marcantes na trajetória da edição, a fim de criar comoção e/ou empolgação quanto ao público.

O problema é que, nessa edição, o BBB se encontra extremamente saturado.

Primeiro porque falamos e lidamos com assuntos  políticos o tempo todo no nosso dia a dia. Não há um dia onde passamos na rua, abrimos uma rede social, lemos um jornal ou abrimos um site de notícias  e não nos deparamos com assuntos políticos e sociais.
E, se o BBB se trata de entretenimento, será que colocar isso em pauta é a melhor solução? Será que não estamos tão cansados disso que quando sentamos para assistir TV não queremos nos preocupar tanto com essas questões?

O outro fator crucial quanto a este tópico é que política não faz BBB.
A pessoa que se importa com militância, causas sociais e etc não costuma assistir BBB, o público alvo não é atraído pelo programa principalmente pela visão de que o programa tem como único propósito receber audiência e enriquecer algum famosinho.

Os tempos mudaram, a sociedade mudou, o mundo mudou.
E o BBB tentou acompanhar, mas não está obtendo êxito.
Qual seria a melhor opção para o programa, então?
Seria retornar as suas origens de pegar pessoas DE FATO desconhecidas, gente como a gente?
Seria se reformular por completo e tentar captar a atenção do público  de um novo ângulo?
Seria fechar-se em cima do nicho criado para o programa, as chamadas torcidas organizadas, e focar-se neste público?

Eu não faço ideia, mas eu sei que é comprovado para qualquer meio de entretenimento que repetir a mesma fórmula infinitas vezes só leva ao fracasso.
O BBB é um jogo, e cabe a direção saber não só jogar com os participantes, mas também convencer o público a entrar no jogo.

Humberto Romeu - mf.canarinho@gmail.com

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