A muito tempo se discute acerca sobre a relevância de programas que simulam (e por não dizer emulam?) o comportamento de grupos sociais tão presentes na sociedade. De fato, quando surgiu, (no início dos anos 2000) foi uma proposta interessante e que mexeu muito no cotidiano não somente do brasileiro, mas também as sociedades do mundo no geral. É claro que tal proposta, ou seja, mostrar a convivência de um grupo escolhido para fins de entretenimento e quem sabe até mesmo objetivando um estudo sociológico, não foi algo inédito. O próprio escritor britânico Eric Arthur Blair (também conhecido pelo pseudônimo George Orwell) em sua obra intitulada 1984 faz esse tipo de alusão a uma sociedade vigiada por esse “Grande Irmão”. O propósito desse programa que simula a convivência humana foi e é algo que consterna muito ainda os telespectadores. Mas será que a fórmula se manteve? Existe alguma manipulação nas relações presentes na “casa”? O que de fato é “real” nas relações interpessoais dos participantes?
Não é de hoje que o Big Brother Brasil mexe com os ânimos dos brasileiros. Entre muitos risos e momentos emocionantes se sobressai a expectativa de um final feliz para o grande vencedor. E não é por acaso que as pessoas (em especial os fã clubes) se sentem tão vitoriosos quanto o participante ganhador da competição. Todos querem seu lugar ao sol. Principalmente quando há a identificação com algum participante. Vencer lá seria o equivalente a vencer aqui fora. Nesse quesito, o programa consegue atingir seu objetivo seguindo a mesma fórmula que iniciou no primeiro programa. O brasileiro, em sua natureza, possui uma visão dualista do mundo. Em outras palavras, tem que haver pessoas más para serem vencidas por pessoas sofredoras, batalhadores e BOAS. Quem não se enquadra nessa visão? Quem não gostaria de ver toda a maldade ser punida e a bondade sair laureada com todos os adornos pertinentes ao vencedor? Não ´algo somente brasileiro, mas poderia ser facilmente dito que pertencente a natureza humana. Só que nisso tudo se apresenta um grande problema: a sociedade do início dos anos 2000 ainda é a mesma em 2019?
O que mais tem chamado atenção nessa edição de 2019 é a presença forte de militâncias sociais e de seu papel na construção de um quadro social melhor. E de fato sua presença no programa é importante, pois se o mesmo tenta retratar a sociedade não poderia deixar de fora essa parcela significativa. A representatividade é algo salutar para o esclarecimento das mazelas sociais e, quem sabe, até mesmo para provocar a reflexão sobre nosso quadro social. Todavia, o que se vê nessa edição é algo diferente. Parece não mais se tratar de representatividade, mas de ataques que destilam tanto ódio quanto possível. A comunicação entre os participantes é podada quase que a todo momento por esses representantes. A intolerância tão combatida acaba por ser utilizada de volta numa espécie de círculo vicioso onde intolerância e desconforto parece gerar mais intolerância e desconforto. Lá, parece que tudo o que se vai pronunciar é algo negativo. Mesmo não sendo essa a intencionalidade de muitos dos participantes! E essa tática pitoresca parece não estar ajudando. Na verdade, está piorando o que se projetava melhorar. Discursos raivosos dissimulados de aulas sobre educação do caráter estão se tornando, ocasionalmente, demonstrações gratuitas de desrespeito com os variados modos de pensar do ser humano. Não importa o se diga, desde que o que se pronuncie passe pelo crivo rigorosíssimo dos “portadores da verdade humana”. O discurso dos não pertencentes ao grupo deles podem ser julgados, condenados e executados segundo os ditames dos mesmos. Mas o mais interessante é que essa situação só é válida para os outros. E eles? Não erram? São tão perfeitos ética e epistemologicamente assim? Em suma, tal prática não está mais educando e entretendo o público. Ao contrário.
Dito isso, como toda ação gera uma reação, o que aconteceu foi que a audiência do programa caiu. E parece não ter salvação. No entanto, ainda dá para “salvar” o programa. Cumprido o cunho de esclarecimento moral, o que resta seria o entretenimento. A participação da internet foi e é importante para o respirar do programa e isso é tão verdade que até mesmo a produção está mais alinhada com os internautas, mostrando assim uma postura de respeito para além dos telespectadores do sofá. Que fique claro o cunho dessa discussão: não se está invalidando a militância social. O que se pede é que haja coerência no que se milita assim como também se abra espaço para que o lazer de observar os momentos dos participantes em sua “normalidade” seja pauta do dia também.
Não é de hoje que o Big Brother Brasil mexe com os ânimos dos brasileiros. Entre muitos risos e momentos emocionantes se sobressai a expectativa de um final feliz para o grande vencedor. E não é por acaso que as pessoas (em especial os fã clubes) se sentem tão vitoriosos quanto o participante ganhador da competição. Todos querem seu lugar ao sol. Principalmente quando há a identificação com algum participante. Vencer lá seria o equivalente a vencer aqui fora. Nesse quesito, o programa consegue atingir seu objetivo seguindo a mesma fórmula que iniciou no primeiro programa. O brasileiro, em sua natureza, possui uma visão dualista do mundo. Em outras palavras, tem que haver pessoas más para serem vencidas por pessoas sofredoras, batalhadores e BOAS. Quem não se enquadra nessa visão? Quem não gostaria de ver toda a maldade ser punida e a bondade sair laureada com todos os adornos pertinentes ao vencedor? Não ´algo somente brasileiro, mas poderia ser facilmente dito que pertencente a natureza humana. Só que nisso tudo se apresenta um grande problema: a sociedade do início dos anos 2000 ainda é a mesma em 2019?
O que mais tem chamado atenção nessa edição de 2019 é a presença forte de militâncias sociais e de seu papel na construção de um quadro social melhor. E de fato sua presença no programa é importante, pois se o mesmo tenta retratar a sociedade não poderia deixar de fora essa parcela significativa. A representatividade é algo salutar para o esclarecimento das mazelas sociais e, quem sabe, até mesmo para provocar a reflexão sobre nosso quadro social. Todavia, o que se vê nessa edição é algo diferente. Parece não mais se tratar de representatividade, mas de ataques que destilam tanto ódio quanto possível. A comunicação entre os participantes é podada quase que a todo momento por esses representantes. A intolerância tão combatida acaba por ser utilizada de volta numa espécie de círculo vicioso onde intolerância e desconforto parece gerar mais intolerância e desconforto. Lá, parece que tudo o que se vai pronunciar é algo negativo. Mesmo não sendo essa a intencionalidade de muitos dos participantes! E essa tática pitoresca parece não estar ajudando. Na verdade, está piorando o que se projetava melhorar. Discursos raivosos dissimulados de aulas sobre educação do caráter estão se tornando, ocasionalmente, demonstrações gratuitas de desrespeito com os variados modos de pensar do ser humano. Não importa o se diga, desde que o que se pronuncie passe pelo crivo rigorosíssimo dos “portadores da verdade humana”. O discurso dos não pertencentes ao grupo deles podem ser julgados, condenados e executados segundo os ditames dos mesmos. Mas o mais interessante é que essa situação só é válida para os outros. E eles? Não erram? São tão perfeitos ética e epistemologicamente assim? Em suma, tal prática não está mais educando e entretendo o público. Ao contrário.
Dito isso, como toda ação gera uma reação, o que aconteceu foi que a audiência do programa caiu. E parece não ter salvação. No entanto, ainda dá para “salvar” o programa. Cumprido o cunho de esclarecimento moral, o que resta seria o entretenimento. A participação da internet foi e é importante para o respirar do programa e isso é tão verdade que até mesmo a produção está mais alinhada com os internautas, mostrando assim uma postura de respeito para além dos telespectadores do sofá. Que fique claro o cunho dessa discussão: não se está invalidando a militância social. O que se pede é que haja coerência no que se milita assim como também se abra espaço para que o lazer de observar os momentos dos participantes em sua “normalidade” seja pauta do dia também.
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Francisco Eduardo Leite - mf.canarinho@gmail.com
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