Talvez comece assim o meu texto: Era uma vez...
Para aqueles que não acompanharam o BBB desde as primeiras edições, caso não saibam, o reality era debatido em blogs, que passaram a escrever sobre a atração e os participantes. Eram vários. Diversificados e diferenciados entre si. Não necessariamente comungavam da mesma opinião. Salvo algumas rusgas, havia respeito e civilidade. Não tardou para que os comentaristas começassem a surgir e a enriquecer as postagens. Era gente muito boa comentando, acreditem. Não perdiam seu tempo se digladiando com quem tinha opinião contrária. Simplesmente encontravam seu nicho, a partir da empatia com este ou aquele blogueiro. E era ali que as torcidas se concentravam, torciam e vibravam, sempre à espera da próxima postagem.
Havia a Scully, com seu humor afiado, ácido e fã do jogo kamikaze e bem jogado, como o do Alberto do BB7; ela era a adorável pessoa mais politicamente incorreta que havia na blogosfera. O Sociedade Brasilis, sempre pragmático e racional em suas análises. Tors e Jebal, com uma visão precisa e cirúrgica de cada jogada e dos participantes. Mark O Terrível, criativo e precursor dos memes no BBB; um sujeito que nada tinha de terrível, mas de incrível. A divertida e bem humorada turma do Cartas para Bial; creio que até o Bial sentiu saudade quando se despediu com a última postagem, por sorte deixou o Pilotando, o piloto genial que consegue transportar filmes e magia para o BBB. De Cara pra Lua, com as impressões sensíveis, profundas e envolventes da Susan. Tevescópio da Dona Lupa, com um número fantástico de fiéis seguidores, que se sentiam em casa no espaço criado por ela. Rabiscos de Eva, rabiscando com a emoção que a move até hoje. A centrada e mui querida Mariquinha Maricota. O humor irresistível e escrachado de Fofocas de Marte; por onde andará Marisa?!? Não lembro se O Diário de Bruna Jones é dessa época, mas vale ser lembrada, pela presença de espírito e empatia cativante com que escreve. O Votalhada, que inovou trazendo - ao que já havia - cálculos matemáticos, a partir de pesquisas de opinião e votações, ao qual Frank Killer se juntou para somar e de lá pra cá só cresceu.
Era gente muito boa falando do mesmo assunto, com visões diferentes, mediando a opinião de seus seguidores, aglutinando comentaristas de ouro, que com o tempo chegaram até a se tornar amigos.
No entanto, o tempo passou... e o debate foi parar em outro endereço, no twitter, com torcidas ensandecidas e ávidas por sangue, preocupadas em levantar tags, depreciar a reputação dos participantes, transformar o reality em caso de polícia, acessar os blogs que ainda sobrevivem para depreciar os que têm opiniões contrárias... um rendez vu, reflexo quiçá da insanidade, intolerância, fragmentação e idiotice dos nossos dias.
E eis que... chegamos ao BBB19...
Confesso... por mais que tente, não consigo entender a escolha dos participantes. O 19 que deveria trazer com ele a maturidade, a riqueza da experiência das edições passadas, trouxe a chatice dos adultos de um mundo bipartido. Que é isso estagiário?!? Sério que você quis transformar a intolerância em diversão?!?
Agora pergunto: Poderia dar certo?!?
Não. Porque nem todos vivem num mundo dividido entre o verde-amarelo e o vermelho. Eu pelo menos não vivo!!! E muitos também não. Daí não haver empatia. E quando não há empatia, parte-se pra outra.
Pra quem não sabe o que é essa tal de empatia, explico:
Houve uma época em que o país parava aos domingos em dia de votação do BBB. Lembro que uma vez estava no Guarujá, era feriado de Carnaval, a votação do paredão começou mais cedo por conta do desfile das escolas. No barzinho onde estava havia uma televisão, a votação ia começar, as pessoas que estavam na rua começaram a entrar pra acompanhar. A cada voto era um uhuhuhu... aêeeee... nãaaoooo... Encerrada a votação, desconhecidos ali permaneceram, e entre um chopp e outro, especulavam sobre quem seria o eliminado da terça-feira. Até o dono do barzinho deu os seus pitacos nesse dia, tomando um chopinho com todo mundo. Sim, porque não tardou pra aquilo virar um grupo de estudo sobre o BBB, ok? Sim, muito louco e divertido também!!!
Nesse tempo... uma amiga minha, fanzona do reality, em dia de formação do paredão e de eliminação se acomodava nas almofadas diante da televisão e não queria saber de celular tocando. Se - de sacanagem - alguém ligasse, não passava do “- Oi, tudo bem?”.
Houve uma época em que as pessoas varavam a noite acompanhando as provas de resistência. Uma das inesquecíveis foi a que colocou o Alemão e Alberto do BBB7 em uma gaiola. A animosidade entre os dois e o grupo que cada um encabeçava, era o que movia o jogo com altas doses de adrenalina. E eis que, em razão da prova se viram nessa situação. Passaram-se horas sem que um olhasse pro outro, apenas de soslaio pra sentir por quanto tempo mais o rival suportaria o calor e o cansaço. Aquela prova transcendeu à disputa pela liderança. Era um querendo provar ao outro que era melhor, que o venceria, por isso, ambos só saíram de lá quando chegaram ao seu limite. As torcidas, aqui fora, pasmem os fanáticos, não deixaram de aplaudir e reconhecer o mérito dos dois. Sim, dos dois!!!
Ok.... ok.... A gente vive no presente!!!
É... a gente vive no presente. Mas, não poderia prosseguir sem ter aberto esses parênteses.
Hoje, no BBB19, tem-se a impressão de que qualquer um que fosse colocado naquela gaiola, finalizaria a prova no par ou ímpar e num abraço. Nem o larnuôu (traduzindo: we are the world) da Solange do BBB4 pra irritar e desestabilizar os adversários, induzindo-os a desistir, haveria. Sabem por quê?!? Porque nessa edição não pode combinar voto. Não pode falar. Não pode brigar. Não pode se indignar ao ser votado ou pensar: “vai ter volta, traíra!!!”, pelo contrário, há quem ainda fique feliz: “- Gostei de levar um voto!”. Ah, tá!!! É muito legal ser votado!!! Já que é tão bom, daqui pra frente todos deveriam votar nessa pessoa para que não perca a felicidade, não é mesmo?!?
O politicamente correto tomou conta do BBB19. A bandeira da vez é o racismo. Valei-me!!! A patrulha e a censura em um reality!!! É o fim!!!
Agora termos como “denegrir”, “humor negro”, “mulata”, são ofensivos e proibidos de serem ditos!!! Ora ora partindo-se desse princípio, “branco de medo”, “branquelo” também, e, muito cuidado ao dizer que o som está “alto”, pois pode-se melindrar os anões por propagar a nanofobia. Francamente!!!
Para que uma fala ou conduta seja considerada preconceituosa deve haver o dolo, a intenção deliberada de diminuir, segregar ou discriminar alguém pela cor da sua pele ou características físicas. Vejamos: o termo “denegrir” remete à desonra, “humor negro” a uma piada ácida... Cadê o racismo aí, minha gente??? Querem saber??? O politicamente correto faz o mundo ficar policialesco, pesado, sem graça, chato pra caramba!!!
A continuar assim os humoristas terão que fechar a boca e trabalhar com mímica. As marchinhas de Carnaval serão censuradas. Nada de “mulata bossa nova”, “olha a cabeleireira do Zezé”... que fez lorinhas, mulatas e gays dançarem abraçados em muitos carnavais, porque... ah... estamos nos tornando hipócritas.
Segregação e discriminação são temas sérios. Não cabem na vitimização e censura de palavras do vocabulário, ou, quando exploradas a esmo e fora de contexto, como o fazem alguns participantes desse BBB para se manterem na casa e não serem votados, em um jogo que vale um milhão e meio de reais. Sorry, questões desse peso não podem servir de escada para alcançar um prêmio em dinheiro.
Aliás, não há coitadinhos ali, muito embora haja muito mimimi. Todos com maior ou menor dificuldade estão estudando ou têm uma profissão definida. Deveriam valorizar isso. Menos autopiedade e mais proatividade!!!
Recentemente, aqui fora, houve a maior babação porque Maju Coutinho sentou na bancada do Jornal Nacional. Oooooh.... a primeira negra a sentar ali!!! Peraê!!! Se ela chegou a ocupar o telejornal foi por mérito próprio, porque se preparou para chegar lá e por seu estilo se encaixar naquilo que o diretor quer do jornal. Espero, sinceramente, que não tenha sido pela cor da sua pele!!!
O pior é que como o twitter virou território de pistoleiros virtuais, ansiosos por uma causa, saem atirando pra todo lado, como se a segregação ou discriminação estivessem em todo lugar, inclusive no BBB. Tenha dó!!! Se houvesse isso no reality, haveria uma perseguição aos negros desde o primeiro dia. Não é o caso. Muitos deles são muito bem cotados no queridômetro todas as semanas e sequer são lembrados em dia de paredão. Portanto, menos bem menos!!!
Pode haver nesse BBB gente “nonsense”, desmiolada, fútil, sem censura, mas até aí os rotularem de racistas, ao ponto das torcidas irem se queixar aos patrocinadores, delegacia de polícia, comissão de direitos humanos da ONU ou sabe-se lá onde... vai uma distância muito grande. Daqui a pouco se alguém soltar um “pum” na casa, irão reclamar na Secretaria da Moral e dos Bons Costumes.
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É inacreditável que quem assista a um reality, queira transformá-lo num caso de polícia para que o participante “indesejável”, que não é o seu favorito, seja eliminado pelo delegado e não pelo público. A polícia tem muito mais o que fazer do que ficar vigiando e fiscalizando um programa de TV. Além do mais, lá tem um diretor competente e hábil e uma equipe, que estão atentos. Dentre as várias atribuições que lhes cabe, uma delas é a de coibir e até expulsar qualquer participante que atente contra as normas de conduta impostas pelo reality.
É isso que está tornando essa edição chata, enfadonha e difícil de assistir.
Quando participantes transformam um “- Eu acho a Iza (cantora) uma negra linda” em palestra de censura sobre “a sociedade que sufoca a beleza negra”, “os negros ativistas engajados”... e, finalizam com um “- Eu só tô te ensinando”, demonstram pedantismo, prepotência, militância, chatice e oportunismo. Afinal, achar uma “negra linda”, nada mais é do que um elogio. Nem mais nem menos.
Por outro lado, quando em meio a isso a gente vê o seguinte diálogo:
Paula - Você quer suco de quê? Hari - Desse!
Paula - Esse é de quê? Hari - Não sei!
Oi???? A gente ri pelo “papo de surdo” entre as duas, pelo sitcom pronto e espontâneo.
Aliás, se espremer não o suco da Hari, mas essa edição morna, sem enredo, sem sal, sem química entre os participantes, o que resta é a amizade de Paula e Hariany.
E vou além, essa amizade só aconteceu em razão do twist dos “sete desafios”. Não fosse isso, Hariany teria sido eliminada no segundo paredão.
Diga-se: “os sete desafios”, o que de melhor houve até aqui. Foi hilário ver quem criou o twist, ser desafiado a fazer com que as três desorientadas entendessem o que era esperado delas. Vê-las dançando diante do espelho, outra dormindo, enquanto círculos onde deveriam se posicionar, vibravam, piscavam loucamente e quase gritavam... foi icônico!!! Reconheçamos: Elas torearam quem estava no comando das tarefas!!! Essa pessoa merece um adicional no salário só por isso. Aliás, quem teve a idéia de colocar operações matemáticas em uma das fases??? Eram três, cada uma, com um resultado diferente, genteeeee.... Pelamor!!! E a montagem do esqueleto humano, então?!? Affff... Não fosse a mãozinha do Bones, dando uma chance e mais outra e outra... tadinhas, não teriam participado da prova do líder, nem teriam se alimentado e nem água para se lavar... kkkkkk....
Foi, graças a esse twist, que as destrambelhadas se reconheceram e foram salvas pelo público. Tivessem formado um trio, Hana ainda continuaria no jogo.
Sugestão de um novo twist?!? Colocar dentro da casa o estagiário que selecionou essa turma, para que ali permaneça até a grande final. Sem concorrer ao prêmio, óbvio, apenas valendo o estágio caso consiga ficar sem pedir pra sair. Afinal ser resiliente no local de trabalho é virtuoso e aprender com os próprios erros, transformador.
E não culpem o Thiago Leifert pela chatice. Ele é talentoso. Sou fã desde que comandava o Globo Esporte. Soube inovar. Imprimiu nova linguagem. Mas nesse BBB, tá difícil... O grupo não colabora. Estão “curtindo” férias: confraternizar, dormir e comer. Ô vidão!!!
Enfim... vou ficando por aqui. O Luís me disse que alguns perguntaram por mim. Amo o carinho de vocês!!! É muito bom vir aqui e lê-los... No entanto, não haverá outra postagem. Como disse logo no início, meu mundo não é bipartido. Não conseguiria ir além do que já falei.
Deixo aqui um abraço fraterno em cada um. Kisses!!!

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