O BBB18 chega à reta final.

Nesta quinta-feira alguém estará realizando um sonho. Gleici, a possibilidade de uma vida melhor para ela e sua família; Kaysar, reencontrar os pais e dar-lhes uma nova vida longe da guerra; Ana Clara e Ayrton, o sonho acalentado há dezoito anos por toda uma família.

Uma final previsível desde os primeiros dias, diga-se. Se houvesse uma bolsa de apostas como nos cavalinhos, certamente, seria a conhecida “barbada”.

Esta foi uma edição diferente, temática, densa, voltada para a família. 

Após desastradas edições marcadas por expulsões e as páginas policiais, onde a geração teenager deu o tom nas votações, buscou-se retomar uma narrativa mais adulta, que pudesse cativar uma fatia do público que a atração vinha perdendo.

Da abertura, aos vídeos das terças-feiras, aos primeiros participantes a pisarem na casa, o tema dominante foi: a família. 

A intensa relação pai e filha, contrapondo-se, ao filho que sonha em reencontrar os pais, deram o tom. Ana Clara e Ayrton. Kaysar e seus pais. Gravitando entre eles Gleici, que foi “adotada” como filha e irmã postiça pelos Lima.

A força dessas narrativas absorveu todas as demais que pudessem vir a ser contadas pelos interessantes participantes que fizeram parte desse grupo. Vale a pena lembrá-los: 

A cientista política de Minas Gerais; a baladeira de Rondônia; a bruxinha abduzida por ETs, de Santa Catarina; a jornalista politicamente correta de São Paulo; o modelo internacional do Ceará; o sexólogo de Rondônia; a funcionária pública cantora de forró do Ceará; o nerd do Pará; o ogro de São Paulo; o tatuador e grafiteiro do Paraná; o músico estilo Bob Marley de São Paulo; a ex-atleta de ginástica olímpica de Santa Catarina; o solteiro assumido e pegador de Goiás; a ex-jogadora de vôlei de Minas Gerais; a militante política do Acre; o refugiado sírio do Mundo... e a grande aposta da edição: a família do Rio de Janeiro.

Apesar da incrível diversidade e potencial desse grupo, como competir em pé de igualdade com um jogador que tem a força de dois participantes? Como comparar sonhos, diante do sonho de resgatar a família de um país em guerra?

Todos eles, em determinado momento, uns mais outros menos, sentiram que a disputa seria inglória. Como foi.

Talvez por isso, na reta final, alguns tenham tentando sensibilizar o público ao dizer que eles eram brasileiros nativos. Longe de ser uma fala xenófoba. Porque xenofobia é coisa séria. É crime. É discriminar alguém por ser estrangeiro. O que nenhum deles demonstrou ali. Foi mais uma tentativa de manter a esperança para permanecer lutando num jogo desequilibrado e desigual desde o início, como quem diz ao público: - Ei, nós também somos merecedores!!! O que todavia não funcionou. Até mesmo porque na semana em que estudantes da UnB queimaram a bandeira brasileira, Kaysar ao ouvir o Hino Nacional do Brasil ser cantado, levou a mão direita ao peito em sinal de respeito, ou seja...

O jogo nunca foi igual pra todos.

No desastrado desempate pela imunidade entre Ana Clara e Kaysar, isso ficou evidente.

Enquanto ela tentava argumentar, com a altivez dos vinte anos, suas razões para ficar imune, Kaysar - ao abrir mão -  subitamente disparou um míssil Tomahawk na direção da ruivinha. Ao renunciar à imunidade ele associou sua decisão a estar levando um tiro, mais uma marca em seu corpo, guerra, “desculpa mãe”... Enquanto o pessoal do sofá se esvaia em lágrimas, a expressão facial da jovem mudou. Não era mais altiva, mas de constrangimento. Culpa. Como se tivesse acabado de disparar de fato um tiro no peito do refugiado. Justo ela que por meio dos Palhaços da Alegria, aqui fora, tenta amenizar a dor daqueles que têm marcas no corpo, estão doentes e sofrem.

Que situação!!!

Após 43hs de prova de resistência, numa campanha inédita de lançamento de um carro, pelo tempo de exposição do produto na tela, tendo inclusive sido batido o recorde em uma prova de resistência em BBB pelo mundo, exigir que eles acordassem sobre quem ficaria com a imunidade, foi primário, para dizer o mínimo.

O critério de desempate estava na frente de todos: o número de descansos que cada um usou. 

Se em uma final de Copa do Mundo, o Neymar tiver três cartões amarelos, ele estará fora do jogo, por mais que seja indispensável ao time e tenha se preparado e treinado para a disputa meses a fio. Ao equipararmos os descansos da prova aos cartões amarelos no futebol, claro está que quem tivesse usado mais descansos, perderia a imunidade para o outro. Até mesmo porque, em uma prova de resistência, poder sentar e esticar as pernas por cinco minutos faz diferença. 

Estagiários, pra quê complicar?!? A melhor saída, é sempre a mais simples!!!

Aliás, os participantes desta edição nas provas de resistência eram duros na queda. Credodeuspai!!! Nunca mais reclamo de ficar em pé na fila do banco!!! Aquela turma conseguiu humilhar a gente!!! Guerreiros!!!

Assim... passados três meses, quatro desses guerreiros chegaram à grande final.

A vitória do Kaysar é quase certa. O míssil Tomahawk lançado por ele acertou com precisão o alvo.

Entre a vida e a morte. A paz e a guerra. O bem-estar e a dor. Não há o que discutir. A opção sempre será pela vida, paz e bem-estar. E o Kaysar sempre fez questão de deixar isso em evidência: “Não importa o que aconteça, o que importa é ser feliz”. “Não consigo chorar”... Isso enquanto o Jornal Nacional, quase que diariamente, exibia imagens de crianças feridas em Aleppo, a cidade ser atacada até com o uso de armas químicas... e os internautas debatiam sobre os traumas e reações das pessoas vítimas de guerra.

Foi esse o jogo posto antes mesmo das portas do BBB se abrirem. O favoritismo estava estampado nas revistas, programas de fofocas, nas redes sociais onde todos agora são especialistas de guerra...

Que flop ter um campeão logo na primeira semana, não Bones?!?

Foi aí que a produção resolveu intervir com um twist. Uma forma de transformar um jogo de “resta um” em pôquer.

Sabida e deliberadamente na semana em que Gleici estaria no paredão e retornaria, foi feita a falsa eliminação, que não teve nada de imprevisível ou surpresa para os participantes, até mesmo porque a pegadinha não era para os confinados, mas para o público.

Numa jogada de marketing reality x novela, Gleici foi transformada em Clara, a protagonista vingancinha de Walcyr Carrasco, com direito até a trilha sonora: “Blaze of Glory”. Óooooo... A jovem participante que não tinha um enredo ganhou um!!! Sua participação foi roteirizada e ela passou a ser vista pelo público noveleiro como a “fada perseguida” que retorna em busca de vingança e de justiça.

Oi??? Vingança??? Contra quem está se expondo e jogando??? Está causando e dando contornos à dinâmica do grupo???

Nesse momento, o interessante e imprevisível jogo interno da casa foi aniquilado.

Brilhantes jogadores como o Diego, que fizeram a edição acontecer, acabaram sendo catalogados como vilões e merecedores de serem castigados por quem está do outro lado do paredão, com alto índice de rejeição. Que pena!!!

Ao descer as escadas do quarto secreto e retornar para a casa, aquela que foi sem nunca ter sido, transformou jogo de gente grande em uma novelinha das seis.

Quem mais ganhou com isso foram Ana Clara e Ayrton, que como Paula expressou muito bem, sempre levaram vantagem em relação ao outros por estarem em dois, em especial, pelo descanso de uma semana entre uma prova e outra, nas quais os dois eram muito bons. A partir de então o jogo ficou na mão deles. Articulando e induzindo votos, dando uma queimadinha aqui e ali neste ou naquele participante, isso porque eles não combinavam votos, nananinão... eles apenas trocavam ideias!!!

Não tem o que discutir. Esta edição foi diferente de todas as anteriores. Ela só pode ser entendida se analisada em suas duas versões. Isso mesmo: duas versões!!! A que foi contada dentro da casa e a que foi narrada aqui fora. Não dá pra dizer adeus, sem pegar a panela de doces da Paula e misturar as duas: reality e realidade.

E essa mistureba nos trouxe até aqui.

Não foi por acaso que a presença etérea da Ana Lúcia; a participação icônica de Maria Olívia, mãe do Breno, nos tão esperados vídeos das terças-feiras; as trapalhadas dos estagiários, que sequer viram um participante ser tragado pelo porta-malas de um carro; a Pepeca, protagonista na eliminação da Jéssica, ao ser confundida pela sem noção com a tia-avó do Kaysar... talvez... eles, mesmo sem ser participantes, tenham ganho tanto destaque, memes e comentários, por serem a surpresa, a novidade, diante de uma edição com paredões e um desfecho pra lá de previsíveis.

Aliás, lanço aqui a campanha: Pepeca na final do BBB!!! Que cena icônica Jéssica abraçando aquela senhorinha!!! Ela por alguns minutos também contribuiu pra nossa diversão. Clubes de futebol adotam senhorinhas/senhorinhos que nem a Pepeca como símbolos. Que ela possa ser uma espécie de símbolo da torcida na final deste BBB. Amoleça o coração Bones!!!

E que venha a quinta-feira com a sua habitual retrospectiva!!! 

A final esperada pelo público???

Nesta edição o que boa parte daqueles que assistem e torcem, roteirizou e deseja em seus devaneios, é o reencontro ao vivo de Kaysar com os pais... Essa seria uma final apoteótica e eletrizante capaz de superar qualquer outra edição ou folhetim carrasquiano. 

Será???......

Deixo aqui o meu abraço fraterno a todos que passaram por este cantinho, partilharam ideias, carinho e marcaram presença com seus comentários sempre especiais. Creiam, vocês fizeram a diferença neste espaço!!!

Com meu afeto e respeito. Um forte abraço a todos!!!


Shadow / Mariasun Montañés
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