BIG BROTHER16
UM JOGO DE CONTRASTES

Se você pudesse me dizer...

Pessoas com idades, vivências, experiências, pensamentos diferentes confinados e convivendo juntas na mesma casa. Essa foi a grande novidade do BBB16.

Os participantes foram divididos em quatro grupos: “se ama”, os mais experientes; “se garante”, aqueles com mais de 30 anos; “se vira”, em torno dos 30 anos; e, “se joga”, os mais novos da edição.

Se você soubesse o que fazer...

Cada geração chegou com seus pontos positivos e negativos. A chave para permanecer e destacar-se no jogo, independente da geração, seria saber usar o que cada um tinha de melhor para permanecer na casa, construindo alianças; e, conquistar a simpatia do público.

O que você faria, aonde iria chegar?...

Aonde eles iriam chegar? Esse era o chamariz. Quem teria fôlego para ir mais longe? Como iriam lidar com o conflito de gerações?

De cara, em quem você apostaria? No “se ama”, “se garante”, “se vira” ou “se joga”?

O “se ama”, formado por Harumi, Laércio, Tamiel e Geralda. Quem eram eles? Amar-se é mais do que acreditar em si, do que esperar reconhecimento, do que depender de alguém para se sentir inteiro. Amar-se é realizar tudo dentro de si mesmo, com aceitação verdadeira do seu bem e do seu mal, com todos os acertos e erros de quem já aprendeu que isso faz parte da vida.

O “se garante”: formado por Adélia, Ana Paula e Daniel. Onde estava a força deles? Garantir-se é confiar em si mesmo, é conquistar; é alcançar mesmo quando se acelera demais e as coisas parecem fugir do controle e do seu ritmo natural. Garantir-se é se olhar no espelho, enxergar as fraturas e cicatrizes, as distorções da própria imagem e, apesar disso, seguir em frente em busca do seu melhor, de suas metas e objetivos. E se vem a angustia?, não tem problema, o desafio à frente é o bastante para desfazer a tensão.

O “se vira”: formado por Alan, Juliana e Renan. Qual era o diferencial deles? Virar-se é improvisar, é ter a capacidade de se refazer e reconstruir a cada alegria e tristeza, a cada sucesso e insucesso, a cada fracasso e conquistas, na busca incansável da inteireza e do reconhecimento. Virar-se é ter plasticidade e a capacidade de análise para encontrar respostas e decidir, num mundo com tantas opções. É encarar a vida como uma dança de vários ritmos, sem prévia coreografia, onde cada passo é um improviso, e, o final, uma incógnita.

O “se joga”: formado por Maria Cláudia, Matheus, Munik e Ronan. O que era jogo pra eles? Jogar-se é atirar-se, é a impulsividade que pulsa e o desejo que queima. É a busca da aceitação, do amor, muitas vezes platônico. Jogar-se é ter o espírito livre de quem acredita na beleza de seus sonhos. É a esperança de quem sonha acordado e tem a rapidez de raciocínio e o tempo do Twitter comandando a vida.

Se querer é poder, tem que ir até o final se quiser vencer....

No início, quem teria condições de ir até o final? Em quem você apostaria? Se na primeira semana houvesse uma bolsa de apostas, pelas características dos grupos, qual seria o seu palpite? Provavelmente, muitos apostariam que os finalistas estariam dentre os que se garantem e se viram. Afinal, para permanecer no Big Brother é preciso saber alcançar e reinventar-se a cada dia, a cada prova, a cada paredão, mostrar-se atrativo ao público o tempo todo e, a princípio, eles são os que teriam maior maleabilidade e traquejo para moldar-se ao jogo.

O mundo é perigoso, e cheio de armadilhas...

Porém, contudo, entretanto... no Big Brother, assim como na vida real, tudo passa pelo crivo do imponderável. Os dois grupos poderiam ter nadado de braçada no jogo, não é à toa que já entraram rotulados como aqueles que se garantem e sabem se virar. Quem tem isso vai longe, não apenas num reality, mas no mundo. No entanto, os dois grupos começaram a bater de frente, a se estranhar, aniquilar, emparedar, autodestruir e... enfraquecer, até sucumbir. Não souberam lidar com o elemento hostil e desagregador para superar-se; acabaram enredados entre si e perecendo, abrindo caminho para os demais.

Se você soubesse quem você é?....

Agora... dentre eles, quem você é? A que grupo você pertence? Você que ficou por três meses preso ao jogo, votou, comentou, criticou, torceu, viveu uma realidade que não é a sua. Sim, você. Além de ser o big brother, o “grande irmão”, que escolhe entre o bem e o mal, o ser ou não ser, que observa, julga, elimina, prestigia e tem o poder de premiar, quem é você?

O que a sua escolha revela, de você? A escolha foi sua ou de uma massa votante?

Viver é quase um jogo, um mergulho no infinito...

Já dizia Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”! Esse é o mergulho, esse é o chamamento. Afinal “viver é quase um jogo, cujo escore é o autoconhecimento”, não é mesmo?

A catarse, a identificação e a empatia de você que assiste é o que movimenta o jogo e direciona o rumo do reality show.

O resultado final fala muito mais do público que assiste, do que dos participantes. Seria desafiante para Sócrates encontrar o fundamento das coisas e nossa relação com os outros e o mundo, nos dias de hoje.

Um mundo cuja autotranscendência está nas redes sociais e, conhecer a si mesmo passa por curtidas e comentários de anônimos, a vida passa a ser entendida a partir do Big Brother, onde cada um expressa sua filosofia e a inconsistência do seu próprio discurso.

Que venha o BBB17!!!


Shadow / Mariasun Montañés
cantinhodashadow.blogspot.com.br
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