 |
| Foto: Divulgação/ Ique Esteves |
Em “Nosso Lar 3 – Vida Eterna”, Fabio Assunção dá vida a Domênico, um espírito marcado pelos erros do passado que, ao desencarnar, é levado ao umbral. No enredo inspirado na obra de Chico Xavier e André Luiz, esse espaço espiritual é retratado como um local de transição e purificação, onde almas passam por provas para reparar falhas cometidas na Terra. O figurino do personagem traduz esse peso espiritual em forma literal e visual.
A figurinista Reka Koves, a pedido do diretor Wagner de Assis, criou um visual de capas sobrepostas para representar a carga de vidas mal aproveitadas. Segundo o cineasta, espírita convicto, a imagem surgiu de uma visão: um homem coberto por várias camadas que simbolizavam erros, imperfeições e fardos acumulados. A cada etapa de depuração, Domênico se desfaz de uma capa, mostrando o caminho da libertação.
No set, Assunção chegou a carregar entre 15 e 20 quilos de figurino por dia. O peso literal das capas serviu também como recurso interpretativo. “Em cena, sinto esse peso e me ajuda a entender a dificuldade que seria viver nesse lugar (o umbral)”, revelou o ator. Para ele, o figurino se tornou uma extensão da dramaturgia, trazendo verdade à transformação do personagem.
As camadas, feitas de materiais como couro e cintos pesados, aumentavam a dimensão física de Domênico, dando-lhe ares de grandiosidade sombria. Mas, à medida que o personagem avança espiritualmente, esse excesso é retirado, simbolizando a entrega ao amor e à ternura. O ponto máximo da evolução é justamente o momento em que não restam mais máscaras ou pesos ligados à vida terrena.
Além da construção estética, a escolha dialoga diretamente com a mensagem espiritual da trama. Assim como Domênico se despe de suas capas, os espíritos – segundo a visão kardecista – precisam “descascar” imperfeições acumuladas para alcançar novos estágios de consciência. A estética da dor se transforma, então, em estética da cura.
Esse processo de libertação também marca o reencontro do personagem com Zenóbia, vivida por Carol Castro, espírito de luz com quem ele tivera uma relação interrompida ainda na Terra. O amor que renasce nesse reencontro é a chave que sela a jornada de Domênico, encerrando sua caminhada de sofrimento e abrindo espaço para a vida eterna.