Texto recebido de Luís Lima em 18/02/2020

BBB é uma salada de percepções, sensações, sentimentos e opiniões.

Nesses últimos quase 20 anos, acompanhei o BBB em todas as suas fases. Das ligações telefônicas (do fixo ao celular) até a era da internet mais globalizada; a era da virtualização, dos blogueiros, dos influencers. Do tempo em que o sofá poderia reverter as enquetes virtuais sobre o paredão, como por exemplo, a vovó Naná que, nos 45 minutos do segundo tempo, fez um golaço e o público comprou a estorinha da vovó com a netinha Ana Carolina e a deixou ficar no programa.
Pois bem, os tempos são outros, a geração é outra. A geração X,Y e Z ou milleniumm, a geração dos computadores, da internet, trouxe um novo modo de comportamento e pensamento social que destoa em vários pontos daquela geração rebelde que lutou pela redemocratização do Brasil, que era mais ideológica, em contraposição a esta agora que é "a-ideológica", é mais virtual. A forma de sentir, observar e pensar o mundo, a vida, tomou novas cores sociais, digamos, as cores da diversidade social.
Há, como em todos os tempos de grandes mudanças tecnológicas, os prós e os contra.  E todo bônus traz um ônus. É a tecnologia que pode ser usada tanto para o bem como para o mal. E assim a humanidade se depara com essa dualidade da vida: o bem e o mal. O BBB também, com seu maniqueísmo próprio.

O BBB é a outra face da moeda chamada Realidade. Ele expõe muitos personagens que vieram do mundo real para se expressar no mundo virtual, da televisão, da internet, agora ambos interligados. E cada participante é o que é no BBB, como é aqui fora. Dizer, como fez Petrix ou Hadson, que estavam num jogo e por isso o comportamento destoou do daqui de fora é reproduzir uma hipocrisia social tal qual: "ah, foi a bebida"; "ah, ali é uma panela de pressão". Será? Não seria uma desculpa esfarrapada para se livrar do julgamento ácido popular? Os preconceitos se manifestam, se não houver a vigília da língua, melhor, do pensamento.
Bem, o BBB-20 é um caleidoscópio de pessoas tão diferenciadas no seu modo de ser e pensar que nós espectadores nos identificamos com alguns que parecem estar de acordo com a nossa praia, como também repudiando aqueles que contrariam a nossa visão de mundo, nossas crenças e valores morais, logo fora da nossa bolha.
Esse confronto não identitário entre A e Não-A se dá abertamente nos comentários que vemos ou lemos. Pois, cada comportamento BBB, uma identificação peculiar com algum de nós, a saber, há os que não acham que Petrix, Prior, Hadson e Lucas não fizeram nada demais e há os que pensam diferente e acreditam que o que eles fizeram foi de uma amoralidade e/ou imoralidade que ferem a Ética dos bons princípios, das grandes virtudes. Deveras, os vícios machistas são repugnantes frente à Ética, à Lei, à Justiça e à Religião. Logo, a reação negativa daqueles que defendem o "politicamente correto" é instantânea. Isso é bom. Não podemos mais ponderar falas, ações, pensamentos que tem como núcleo a ofensa ao outro, à dignidade alheia. Passar pano é a máxima da vez dos incautos.

A salada de legumes tão diferenciadas de BBBs faz com que as Redes Sociais entrem em polvorosa com seus julgamentos plausíveis ou cruéis a cada comportamento expresso lá na casa. É um julgamento, na maioria das vezes, perverso. Mas é o preço que pagam os participantes se cometerem algum deslize moral.
A salada de frutas aqui fora também é diversificada em julgamentos, comentários e decisões. Muitas vezes acho que são mais cruéis e amorais aqui fora do que lá dentro. Mas essa diversidade é o espelho de uma sociedade plural que tem suas nuances sui generis.
Uma vez disse aqui que o Espelho da Vida não reluz tanto, que pena, que pena! Isso é a chave de compreensão para entendermos o espelho que nós escolhemos para nos refletir, seja no BBB, seja na Política, Religião etc. Quando olhamos para alguém, buscamos nesse alguém algo que se parece conosco. Por isso, o outro é o espelho no qual queremos nos ver. E o espelho social tem várias imagens, ícones; muitas vezes imagens distorcidas e ícones falsos. Portanto, aquele que escolhemos para nos representar tem uma similaridade com aquilo que somos e pensamos. Eis o princípio da Identidade: A=A. Eu me identifico com este ou aquele ou aquilo. E é o processo de identificação que faz a gente escolher o ícone BBB como vencedor.
Assim sendo, cada um de nós é uma singularidade no meio de uma pluralidade (social), o indivíduo no coletivo. E a singularidade que se tornar mais plural, fará o vencedor do BBB. BBB para vencer tem que ter a maioria máxima ou mínima. E a soma das singularidades que formar a maior pluralidade é que vai fazer um BBB ser o Campeão.
Para finalizar essa reflexão tão esquizofrênica, apesar de cada um de nós ser um tipo de fruta, o importante é que podemos estar na mesma salada diversa. Estamos na mesma Nave Mãe, a Vida. Desta forma, nós temos a esperança da União Humana, de construir a Unidade na Diversidade, ser Parte do Todo, sem ser excluído por sermos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais nessa dialética da vida social. Que tenhamos, ao menos, um final saudável, sem ser necessariamente Feliz. Beijos!  

Luís Lima - Luiz_113@hotmail.com

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