Texto recebido de Luís Lima em 10/04/2019

Rízia, 25 anos, alagoana, negra, não militante, jornalista (há dois anos formada sem exercer a profissão), passou há pouco tempo por um momento constrangedor de racismo, segundo a própria, que relatou no programa Ana Maria Braga. No começo do programa BBB, ela falou que pensou em suicídio por causa de uma depressão, compartilhando tal fato com os Brothers and Sisters que a acolheram com carinho e um grande abraço: ela e sua história de vida. Porque BBB é assim: cada um relata sua história de vida aqui fora para se conhecer lá dentro.

Falar de Rízia no jogo BBB é um desafio para qualquer telespectador e para quem escreve sobre ela. Porque, a princípio, ela era uma forte candidata a levar o prêmio maior. Basta ver sua irmã no encontro de trinta segundos na casa, gritando: “você é forte, Rízia. Você é forte, Rízia”. Parece que esse grito lhe deu um ânimo, quer dizer, a partir de uma dica dessa. Com certeza, os outros, que ouviram esse grito da mana, ficaram com uma pulga atrás da orelha.

Rízia foi três vezes emparedada, uma vez castigo do monstro, uma vez líder e duas vezes anjo (duas cozinhas Consul). Essa foi sua trajetória em jogo jogado. Mas a sua trajetória como pessoa foi bem diplomática, passeando pelos dois lados: Villamix e Gaiola; claro, com inclinação para o lado do Gaiola onde se reconhecia como um deles por ser negra, de classe social parecida e, talvez, por ter as mesmas ideias de vida e luta, embora em nenhum momento mostrasse algum traço de militância.

Acredito que o ponto máximo de Rízia no jogo foi o seu encontro com o italiano Alberto Mezzetti, vencedor do BB italiano, o grande fratello. Este até ensaiou um namoro fake com Rízia, quase resvalando num beijo na boca. Mas a mesma negou no programa Mais Você tal beijo. Foi nessa circunstância a la italiana que Rízia teve seu ponto forte de aparição. O único ponto de tensão foi quando Rízia viu a comemoração de Tereza com Carol no quarto da líder e foi contar ao pessoal do Gaiola, dizendo ela isso “inocentemente”. Aí o pessoal do Villamix a colocou no paredão por causa disso, sendo apelidada de “leva e traz”. Mas escapou da eliminação porque foi com alguém do Villamix, mal visto pelo público.

Rízia me parecia sempre focada em si mesma, jogando sozinha, embora sempre ao lado do Gaiola, porém diplomando com Paula, Hari e Isabela, ou seja, fazendo a política da boa vizinhança. Ela não gostava de falar de jogo. Não contava a ninguém em quem votava e até ignorou a abordagem de Elana sobre o paredão, quando emparedada esta pela primeira vez, para não falar de voto. Rízia solitária como jogadora, no sentido de não combinar votos, mas atenta ao que iria fazer o Gaiola na votação. Querida por Carol Peixinho e Gabi, Rízia foi ontem recebida por Hana, Rodrigo, Gabi e Elana com abraços e beijos. Aquela alegria de sempre... e confessou torcer por Alan, ou seja, já soube das falações preconceituosas de Paula.

Rízia foi de um extremo ao outro. Da calma à preocupação. Da alegria à melancolia. Seu jeito engraçado de ser foi um bom ingrediente para o jogo e seu jogo, mas não o suficiente para conquistar a maioria do público que era anti-gaiola, anti-militância, anti-política, anti-coitadismo etc. Talvez se ela estivesse do lado de Paula e Hari poderia estar hoje no páreo pelo milhão e meio. Mas isso é só suposição.

Por fim, Rízia era a criança do BBB. Aquela que brincou de tudo, de fazer susto, de cozinhar, de só ter frequentado a piscina por causa do italiano, enfim, de comer muito nas festas e dançar até o dia amanhecer. Parabéns, Rízia, sabemos que você poderia ir muito mais longe se desse a cara à tapa, sobretudo, no jogo da discórdia. E foi ali que Paula cresceu, ao falar na cara o jogo de cada um, sem medo, e você se encolheu, se escondeu. Boa Sorte, porque BBB é assim, alguns se sobressaem e outros caem no ostracismo midiático.