Por Helder Miranda
Em dezembro de 2015

Queria mesmo apenas metade desses que exigem uma moral ilibada e postura ética dos participantes de realities de confinamento fizessem o mesmo quando fossem votar quando realmente fizesse alguma diferença. Fossem tão irascíveis quanto para lutar pelos direitos e tivessem a mesma disposição para "peitar" os outros, embora que protegidos por uma tela de computador, quando o assunto é mera diversão. Que exijam isso dos políticos, não de participantes que movimentam realities.

O que se vê pela internet, nos comentários desrespeitosos e sem o mínimo de senso de humor, são baderneiros sem uma causa justa. Criticando e desmerecendo sem qualquer senso de justiça para proteger pessoas que não lhes darão a mínima após usufruírem de suas torcidas e fazer agradecimentos demagogos em programas que cobrem variedades por aí afora.

Ninguém se torna artista ou fã por acaso. E há dois grupos que contemplam ambos: os que têm uma habilidade que pode vir a se tornar um talento e os que se identificam com a "arte" que é expressada porque gostam ou querem se tornar iguais, e os carentes de aceitação, que fazem de tudo para alcançar algum reconhecimento, e encontram ao se expor pela TV e internet iguais sedentos por afeto, que se dispõem a dar esse amor implorado e que no mundo real não lhes é dado. 

Quando se fala em reality show fala-se também em carentes que dependem de carentes, enfim, uma comiseração mútua. Carentes que assistem para se identificar, carentes que se expõem em troca de uma espécie de consagração, carentes que escrevem em troca de concordâncias, que elogiam, ou discordâncias, que xingam, para se sentir um pouco mais importantes do que realmente são. 

E, no meio disso tudo, os insanos, os maledicentes, os que estragam os programas em nome de uma torcida que irá durar até a próxima edição. Mara Maravilha saiu, audiência caiu e bem feito para a Record e sua produção tapada. "A Fazenda" perdeu a sua real protagonista para o outro personagem principal, que não se tem conhecimento de onde é,  aliás, sabe-se sim, é do Acre, nem quem ele é, muito menos para onde vai.  

Sabe-se apenas que ele irá ganhar essa oitava temporada pela desunião dessas torcidas horrorosas que não sabem a hora certa de avançar ou recuar numa batalha. Falou aos fãs-clubes, às torcidas organizadas, jogar um pouco mais de "War" ou ler "O Príncipe de Maquiavel". Estamos diante de uma história já escrita na terceira edição, quando Daniel Bueno foi sagrado o vencedor do programa, que tinha como possível campeã uma Monique Evans que mostrou o seu pior, e uma planta que virou protagonista, Janaina Jacobina, à época ex-repórter do "TV Fama", na RedeTV!. 

Por receio de que Mara vencesse, a torcida de Ana Paula Minerato e "Douannes", unidas, a sacrificaram em detrimento de um desconhecido, Marcelo, que, como num círculo vicioso, agora irá tirar Rayanne Moraes e depois outros deles, um a um, pois tem a torcida de Mara sedenta de vingança. Bem feito.

Confesso que com a saída da ex-apresentadora infantil perdi o interesse por essa edição. Não por torcer por Mara, mas por uma evidência de que tudo o que está ruim, como o programa "embarrigando" e mostrando mais do mesmo com os barracos de sempre, pode piorar. 

Além disso, entre todos os que estão confinados, prefiro sinceramente o anonimato de Bimbi à alegria dessa gente fanática que perdeu o senso do que é ter uma preferência e de respeitar a dos outros. A desunião dessas torcidas só entregarão de bandeja o prêmio a um modelo que ninguém conhece, em um programa que se dispõe a mostrar famosos sem mascaramentos. Se fosse por exposição, quem realmente mostrou a cara para o Brasil bater? Quem foi o nome desta oitava temporada? 

Prefiro Marcelo Bimbi à audácia de se autointitular campeã antes da hora de Ana Paula Minerato, ao jogo imundo de Luka Ribeiro, à covardia de JP Mantovani ao usar o amigo como escudo para se safar do julgamento popular todas as vezes que seria indicado, ao jogo maniqueísta de Rayanne Moraes que ilude um garoto e não mostra as falhas, mas julga a dos outros e da prepotência ingênua de Douglas Sampaio que, ainda não percebe, mas já perdeu muito pelo próprio temperamento e, se não mudar, a tendência é piorar, pois a vida não dá tréguas. Entre todos eles, quem cometeu menos erros? Entre as torcidas se metralhando, feito baratas-tontas, só restará o que tiver menos torcida e alguma linearidade. E esse, vocês já sabem quem é...

Ganha quem consegue esconder mais do público os seus defeitos, ou quem é, realmente, uma versão atualizada de Madre Teresa de Calcutá? Será que ela, desprendida e imaculada, participaria de um jogo cujo objetivo maior é a ambição e a ganância? Ou seja, estamos falando de seis pessoas, que sobraram de 16, e entre nenhuma delas está um santo.