Dupla Identidade chega ao terceiro capítulo mostrando uma história
alinhavada, bem dirigida e executada nos mínimos detalhes, com um serial killer
Edu (Bruno Gagliasso) que tem tudo pra ser o destaque da minissérie. Um sujeito
aparente normal e comum, só que não. Possui uma face negra e obscura; o que se
sabe até aqui é que ele sente grande atração por bocas e batons e tem o hábito
de colecionar souvenirs de suas
vítimas, as famosas lembrancinhas da cena do crime, que sinistramente
guarda em casa para reviver cada detalhe de suas frias ações.
É um sujeito bem apessoado e calculista, que consegue se desvencilhar
das situações mais adversas com naturalidade e, pasme, até simpatia. Foi o que
fez diante do gancho deixado ao final do último episódio, quando estava prestes
a ser confrontado e reconhecido pelo noivo de uma das vítimas.
Numa reviravolta
surpreendente, transformou-se no bom samaritano acima de qualquer suspeita,
prestativo e solidário, consolando o rapaz e se oferecendo até para ajudar no
retrato falado do possível assassino de mulheres. Um psicopata de mão cheia, o
típico lobo em pele de cordeiro!
Desnecessário é dizer que saiu da delegacia feliz, sentindo estar no
controle da situação e, decidido a apagar as pistas deixadas para trás. Mesmo
com a polícia em seus calcanhares, teve o sangue frio de voltar à cena do crime
e remover o corpo da última vítima, para desová-lo em um lago. Só que cometeu
um erro: ir para casa e estacionar em local proibido, com o cadáver no
porta-malas. Como os amarelinhos do Rio de Janeiro devem ser mais eficientes
que os de São Paulo, sem tardar, o carro foi rebocado. Tenso! O pessoal do sofá
ficou imaginando o que aconteceria quando ele fosse aberto.
Mas como quem tem padrinho não morre pagão, bastou um telefonema do senador
Oto para a liberação imediata do veículo. E, desta vez, para não abusar da
sorte, antes de ir para casa o Edu passou pelo lago.
Aliás, o tal do senador Oto é outro que vive na corda bamba e no limite
da lei. Totalmente descontrolado por estar sendo acusado pela imprensa de ter
matado a amante, foi até a garagem e, num impulso, atirou a queima roupa no
advogado da mulher. Pois é, esse já começa a sentir os efeitos da ira de uma
mulher traída. Aliás, pra quem tem boa memória, são inúmeros os casos de
ex-mulher, ex-cunhada, ex-genro que causaram verdadeiros estragos por aí.
A sorte dele foi que o advogado, ligeiro que só, defendeu-se com a pasta
(esse é um que deve andar sempre em estado de alerta). Como em briga de marido
e mulher ninguém deve meter a colher, e os advogados sabem muito bem disso, o
caso foi encerrado como tiro acidental, sem registro de queixa. O único dano
colateral foi da pasta de couro mesmo.
Interessante neste episódio foi ver o sutil
contraponto que a autora estabeleceu entre uma pessoa comum e um psicopata. De
um lado, o senador, totalmente descontrolado, por ser o principal suspeito da investigação de assassinato da amante, vendo
sua reeleição e ambições políticas irem pro ralo, impotente diante de uma
mulher ensandecida disposta a deixá-lo à míngua na Ação de Divórcio (é aí que a
gente fica pensando também nos escândalos de corrupção que ela deve saber...),
que num impulso e movido pela cegueira, atira em alguém, não tendo sequer como
negar a autoria do disparo. De outro lado, o Edu, sujeito frio, metódico,
calculista, perseguidor e observador de suas vítimas, capaz de encobrir seus
rastros e de se divertir com a brincadeira de gato e rato com a polícia. Não é
por acaso que, no primeiro capítulo, ele se divertia com Tom e Jerry na tela da
televisão.
Nesse ínterim é possível ver o delegado Dias, cada vez mais aflito para
solucionar o caso. Quer mostrar serviço ao Governador, na certa tem planos de
chegar a Secretário de Segurança. E, com base nas imagens de uma câmera de rua,
imagina ter encontrado o seu principal suspeito. Pobre Dias! Conduz para
interrogatório um mendigo usuário de drogas e borderline, pressionando-o a
confessar algo do que o outro não faz a menor ideia. Vera (Luana Piovani) sagaz
como ela só, logo percebe que aquele não passa de um pobre coitado, incapaz de
ter o requinte e inteligência do autor daquela série de crimes. Mas fazer o
que, né? Dias quer provar que é o bambambam, mais capaz que a Vera... coisa de
homem insatisfeito com a vida, que não consegue aceitar que nós, mulheres,
podemos ser mais astutas, capazes e competentes. Desse jeito só vai conseguir
meter os pés pelas mãos e distanciar-se cada vez mais do alvo.
Enquanto há os homens que subestimam as mulheres, há também aqueles que
te acordam com um bom dia, riem de qualquer bobagem sem graça que você fale,
mandam flores, levam café na cama com uma rosa, fazem jantares à luz de velas,
brindam ao encontro com champanhe. Olha que lindo! Só que estes... podem ser os
psicopatas. Na dúvida, não os deixe jamais manusear as facas da cozinha para
preparar o jantar, chame uma pizza! E muito menos pergunte sobre a família
deles, porque o tempo pode fechar. Fica a dica!
O que causou estranheza nesse capítulo foi ver a Vera, psicóloga
forense, profunda conhecedora da alma humana, tendo um affair com o Diego
Cristo, aquele psicopata ensandecido, que hoje está enfurnado em A Fazenda da
Record. Creio que está faltando a ela mais seletividade na escolha dos parceiros
rsssss....
E pra fechar o capítulo, como não poderia deixar de ser e para mostrar
serviço, o delegado Dias convocou uma
coletiva de imprensa para ao lado de Vera, informar sobre a prisão de um
suspeito. Pra quê? Nesse momento, a câmera se detém no olhar vidrado de Edu e a
seguir no olhar desafiante de Vera, como se os dois estivessem se encarando.
Sinistro!!! Quem for fã de Luana Piovani e não tiver nervos de aço, melhor
parar por aqui, viu Helder! O confronto e embate entre Edu e Vera será inevitável.
Na caixa de mensagens da Vera, o recado: “Pegaram o homem errado. Olhem
pra mim porque vai acontecer de novo”...
Que honra ser citado no texto!!! "nós, mulheres, podemos ser mais astutas, capazes e competentes" - você é a prova viva disso. Leio todos os seus textos atento e com muito carinho. E Luana deveria ter sido mais seletiva mesmo. Diego Cristo? Pelamor!!!! KKKKKKKK Beijos.
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