15 novembro 2013

Helder Miranda Comenta:
O reencontro entre o mestre e o aprendiz


O reencontro entre
o mestre e o aprendiz

Carlos Nakao “adorou” a sexta tarefa, mas subiu no telhado em “Aprendiz – O Retorno”. Uma famosa marca de cerveja, que está entrando para o mercado light, representou a tarefa da vez. Como vender, da melhor maneira, essa bebida? Cada equipe recebeu uma unidade da rede Deck Alphaville, transformando um bar em um bar-conceito. O que me incomoda no programa é a propaganda descarada a cada episódio. Será que nos outros países é, também, assim?

“Eu considero que Nakao, Solano e Renata são mais juniores, e tem de tomar um pouco de cuidado com isso porque a não estamos no Aprendiz Universitário, digamos assim”, opinou Karine Bidart, ao falar sobre a diferença de perfis. Acredito que a equipe de produção deve instigar os candidatos a darem esse tipo de declaração tão queima-filme para o público que assiste. Não acredito que a candidata daria uma declaração destas fora de um contexto, mas também penso que as respostas poderiam ser mais safas, principalmente de candidatos que não estão lá pela primeira vez. Todos devem saber que a edição pode ser implacável, e é, até quando não quer.

Karina Ribeiro, em sua primeira liderança, tirou a equipe “Flecha” das consecutivas salas de reuniões. Clodoaldo Araújo, vencedor da quinta edição do programa, aparece de vez em quando para falar algumas frases bem manjadas. “No mundo dos negócios, tem muito, MUITO, pouco tempo. Então você precisa ser rápido, você precisa ser criativo, você precisa inovar todo o tempo”, disse, em uma entonação teatral, com a intenção de ser enfático, como se tivesse descoberto o mundo. É Justus fazendo escola. “Se você pensa grande, se você age como grande, a colheita vai ser?”, completa Araújo, fazendo uma espécie de suspense sem-graça. “Grande!”, responde.

Houve embate entre Melina Konstadinidis e Jota Júnior. “Todas as provas ela é do contra, a gente faz outra coisa e ganha”, alfinetou. Karina Ribeiro apostou na união do grupo, e se saiu bem. Mas Guilherme Séder aproveitou para colher seu arsenal de armamentos, todos sempre muito fáceis de derrubar, para uma possível sala de reunião. “O Evandro (Banzatto) pensa assim: quanto mais eu falar no telefone, quanto mais eu dar a entender que estou fechando as coisas, melhor eu vou no programa”. Melina, talvez percebendo a fragilidade de Nakao, tomou a frente muitas vezes.

Mas, depois de ser receber de Justus o bilhete azul, pedir um abraço? Menos, Nakao... Agradecer a oportunidade de queimar o filme novamente? Mas Nakao, o programa ferra tanto assim o emocional dos participantes que seu nível de carência estava nos picos? É muita subserviência para uma pessoa só, Carlos Nakao. Bem-feito. Mereceu. Inexpressivo, num reality show, é tão inútil quanto um funcionário incompetente: não entretém, não comove e, no caso dele, sequer decora.
Na sétima prova, a liderança ficou a cargo de Rodrigo Solano, que desta vez só apareceu por ter assumido a liderança, e Evandro Banzatto, que foi para a equipe Flecha para aparecer para Justus, mas vem se ferrando sucessivas batalhas. As propagandas, desta vez de um carro e celulares distribuídos para a realização de tal prova, e os comentários sem nenhuma credibilidade do vencedor da quinta edição, Clodoaldo Araújo, já estão enojando. Não imagino o vencedor da quinta edição tendo alguma voz ativa com Roberto Justus. Aliás, quem tem com ele?

Para alguém ter alguma credibilidade com este apresentador/empresário/cantor... teria de ser tão arrogante quanto ele - e olha que todos os participantes, para toparem esta humilhação destas mais uma vez, têm esta característica de sobra. E também ter mais dinheiro que Justus - se tiver a mesma quantia, ele ainda pode se sentir superior.

A figura de Roberto Justus me lembra aquela história das amigas que estão disputando a mesma paquera em uma mesa de bar.  Enquanto uma vai para o banheiro, a outra se aproxima e fala de algum defeito da outra: "Ela é linda, mas tem cálculo renal". Todos, diante o olhar inquisitivo do implacável mestre do Aprendiz - mestre de que?

Durante o andamento da prova, Karine Bidart, a bonitinha de inacreditáveis 36, e Renata Tolentino, passaram a sofrer com o deboche da equipe Sinergia. Melina, em sua ânsia de mostrar serviço, muitas vezes desestabiliza o grupo. Jota Júnior é um bobo superestimado que ainda não mostrou a que veio, mas alimenta a edição com algumas intrigas.

"Espero que o líder não caia na safadeza da Mel e do Jota que estão tentando ganhar ficando perto da liderança. Isso não é mostrar um bom trabalho", sintetizou Bidart, ganhando pontos com a leitura de seu jogo. Talvez se Justus realmente assistisse ao programa, os eliminados pudessem ser outros. Ou não.

O destaque para esta tarefa foi, realmente, de Karine e Renata, que vem ganhando espaço. É sempre bacana de assistir a abordagem simpática de Renata. Diferentemente de Mel, que é intimidativa e desagradável, rezando a cartilha do, talvez, futuro empregador. Ganhou a Sinergia, que mostrou um clip dos participantes numa tarde de relaxamento - Jota Júnior, no take, parecia estar sensualizando em um programa humorístico.

Guilherme Séder, depois da derrota, colocou em ordem o seu arsenal de munições. Os alvos foram Karina e Mariana, que já falaram a respeito dele nas salas de reuniões anteriores. Não tocou no nome de Evandro, a quem desferiu algumas farpas no episódio anterior, porque ele foi líder e a tática parece ser a que foi descrita por Karine Bidart: aproximar-se da liderança para mostrar serviço e escapar da sala final de reuniões. Depois deste episódio, Evandro pode ser considerado um possível aliado de Guilherme.

Karine e Mariana são alvo para ele, porque são perigosas. A liderança de Evandro foi desastrosa. Seria o mais coerente ter sido despedido nesta tarefa. Ele, que foi o sétimo eliminado da segunda temporada, sairia em sétimo lugar nesta tarefa, mostrando, talvez, não ter evoluído quase nada. Agora colocar uma quase finalista em sua edição abaixo da colocação de gente como o próprio Evandro e Guilherme é, no mínimo, injustiça.

Karina Ribeiro e Maytê Carvalho, que falou inglês o programa inteiro, deixaram passar no adesivo o erro gramatical inglês "Teste-drive". Isto foi mostrado na sala de reunião. Evandro não aceita críticas, tenta manipular a seu favor. Walter Longo perguntou sobre qual o papel da liderança no fracasso da tarefa. Evandro rebateu que "fracasso" era uma palavra muito pesada. Então, Walter Longo reformulou a pergunta e perguntou sobre o papel do líder no “sucesso” da tarefa. Evandro, muito inconsistente, ficou sem palavras.

A comparação estética dos estandes que foram montados pelas equipes Flecha e Sinergia mostrou uma diferença gritante. "Sabe aquela coisa de adolescente que vende limonada para ganhar um tostãozinho?", resumiu Justus. Adorei. A cara de cachorrinho abandonado de Karina foi impagável. Aliás, ela fica com essa cara sempre que sente que fez besteira. Mas foi justamente o trabalho das meninas que foram menosprezadas, Karine Bidart e Renata Tolentino, que fez a diferença. Ponto para as moças da outra equipe.

Mariana Marinho definiu bem o perfil de Séder. "Ele fala muita coisa, mas sem pertinência". "Eu sou instável, é que não aguento ouvir bobagem", rebateu ele (que, então, deveria ser mudo). "Ele ficou irritadinho", continuou Mariana. "Não fiquei irritadinho, não fiquei irritadinho", começou, naquele círculo vicioso de bancar o papagaio.

Guilherme, então, passa a acusar Karina de ter dado o prêmio de melhor desempenho para Mariana, porque são amigas, já que participaram da mesma edição. Seguindo essa linha de raciocínio, Evandro e Guilherme, que também participaram de uma mesma edição, também se uniram para dizer a Justus que se sentiram injustiçados com a escolha da líder quanto à premiação na tarefa passada. Aproveitaram a próxima sala de reunião para fazer uma lavagem de roupa suja por não terem sidos escolhidos como merecedores do prêmio de melhor desempenho da tarefa. Menos ético... impossível.

Maytê, no meio de tanta baixaria, parece que aprendeu a lição: está caladinha. A protagonista da maioria dos episódios anteriores, com frases ácidas e a mais pura embromation, aparentemente gripada neste episódio, resolveu adotar a estratégia de passar despercebida.

Para azar de Guilherme, a cada discussão, a apática vice-campeã da sexta edição de O Aprendiz, ganha força. "Eu indico o Guilherme, acho que ele não tem o poder de síntese. Ele fala mais do que faz. Uma coisa é fazer, outra coisa é parecer. Você quer parecer mais do que faz". E o mais engraçado é que a edição de Karina, Maytê e Mariana era a de universitários. Elas cresceram e aparentemente, num critério justo, seguem melhores para a partida.

Mesmo assim, Mariana Marinho foi a despedida da vez. Foi uma decisão injusta. Ela deveria ter um longo caminho pela frente. Mas em comparação à Karina, que sempre se sai muito bem em todas as suas lideranças - e aí eu incluo a sua primeira participação, quando ela venceu a prova final e não levou o prêmio (talvez a maior injustiça de todas as edições, e aí podemos vislumbrar uma futura campeã) - ela sai perdendo.

Mas Karina pecou por opinar que a eliminada da semana deveria ser Mariana. Ela não pensa isso, ninguém pensa nisso. Mas, na ânsia de parecer imparcial, ela se tornou menos merecedora de vencer esta competição. Quem disse que, para vencer o Aprendiz, não era preciso passar por cima de ninguém? Feio, Karina, muito feio...

Em comparação à Evandro, que aos 41 anos é velho para ser aprendiz, Mariana sai na vantagem, principalmente depois do papelão de começar a chorar na sala de reunião, chamando Justus de mestre, numa frase que ele próprio, o participante, escreveu. "O mestre reencontra o seu discípulo no momento em que ele está pronto", justificou ele. "Ninguém melhor do que o próprio mestre para dizer se o Evandro está pronto... ou não", concluiu, com voz embargada.  Patético. Fingimento puro. Tiro no pé.

Mariana foi a mais íntegra. Optou pelo caminho de não inflar - ainda mais - o ego de Justus. Disse exatamente porque estava ali: pela família. As lágrimas não eram por estar na sala de reunião, diante daqueles olhos sádicos do homem que gosta de demitir, mas pela família. Não chorou porque quer trabalhar com Justus acima de tudo – como a maioria diz e ele finge que acredita. Foi honesta consigo mesma e, até o momento, é a campeã moral desta edição. Justus, admita, trabalhar com você não é exatamente o sonho de infância de ninguém.



Helder Miranda@senhorhelder
Formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), e pós-graduado em "Mídia, Informação e Cultura", na USP (Universidade de São Paulo), Helder Miranda é jornalista, atua como editor do site cultural www.resenhando.com e também como repórter de outros veículos de comunicação. Foi redator de press-releases da Globo Livros, da DCL - Difusão Cultural do Livro, coordenador de redes sociais do selo editorial Tordesilhas e resenhista de literatura no Portal IG. Atualmente, também é estudante de Letras na UniSantos. 



2 comentários:

  1. O site esqueceu de se atualizar. A partir desta semana, todas as quartas, além de terças, terá Aprendiz. Quem saiu nessa quarta foi a Karina.

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  2. Chrístofer, estava viajando... Agora vota ao normal.
    Abraço.

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