23 outubro 2013

Helder Miranda Comenta:
Uma nova chance para Maytê


Uma nova chance para Maytê

Saber ouvir e por estar atenção nos detalhes. É essa lição que ficaria do quarto episódio se, por justiça, a personagem merecedora desta eliminação tivesse “rodado” nesta sala de reunião. Adepta de acrescentar inglês em seu vocabulário, “Aprendiz – O Retorno”, até este episódio, já tem a sua protagonista. Para o bem e para o mal, ela é Maytê Carvalho que, como um furacão e 100% de aproveitamento nas salas de reunião – assim como as mulheres do grupo Flecha – vem devastando todos e fazendo a alegria desta edição, com frases de efeito, muitas vezes bem fáceis de ser construídas.

Mas eliminar um sujeito apático, como Braga Júnior, parecia a solução certa para o programa. Aliás, quando ele diz que vai aumentar o legado de negócios de Roberto Justus eu não acredito. “Eu sou um cara muito entusiasmado com tudo o que eu faço”, ele se defendeu, com a expressão de sempre, num horário em que qualquer coisa dá sono, imagine alguém tão apático. Ele cita que várias pessoas diferentes já mandaram um mesmo texto sobre entusiasmo. “Alguma coisa tem”, pensei. Se várias pessoas me mandam um mesmo texto sobre o mesmo assunto, é porque querem mostrar que devo atentar sobre determinado tema, mas não têm coragem de dizer isso abertamente em minha cara. Se o texto é sobre motivação, será que não querem que eu acorde?

Confesso que é uma decisão difícil”, diz Justus. Não, não é. E todos sabem. Dentro e fora do programa. Naquela sala, sem contar com aquela listinha dos supostos eliminados que nem estou levando em consideração para assistir o programa, estava evidente que ele seria esmagado pela controversa Maytê. Pelo bem do programa – e não pela competência, embora entre os dois eu não consigo visualizar alguma, infelizmente.

No início, os que voltaram da sala de reunião estavam, ainda, amiguinhos. “A sala é legal porque você sai mais fortalecido dela”, disse Lucas Broch. “A gente tem mais uma guerra pela frente”, continuou ele, num discurso forçosamente motivacional, assim que a equipe voltou da sala de reunião. Para quem, se a equipe Flecha, novamente, voltou a perder? Será que ele próprio se ouviu nisso?

A nova tarefa tratou da novela “Pecado Mortal”, “o grande destaque da TV brasileira hoje”, como apontou Roberto Justus, sem nenhuma sutileza. Evidente que o programa deve ter sido gravado bem antes da estreia, e Justus, e toda direção da emissora, deveria estar confiante no sucesso da obra de Carlos Lombardi, mas dizer que a novela, que realmente é boa, é destaque não deixa de ser forçação de barra. A não ser pelo lado negativo: está amargando na audiência.

Pode ser uma ação interessante divulgar e promover um programa da cada dentro de outra atração, é metalinguagem pura. Mas aí ele emenda outra, desta vez patrocinada. “Continuem usando os seus celulares de tal marca, importantíssimo para se comunicarem com eficiência”, disse ele. Ganhou em patrocínio, mas perdeu a oportunidade de inovar de alguma forma.

Por que não pensar em divulgar a novela nos moldes de como era feita nos anos 70? Seria possível, hoje, sem o aparato das redes sociais e toda a parafernália eletrônica, ou as pessoas em 2013 estão tão dependentes da internet para fazer tudo que não podem escolher, dentro de uma ação específica e de época, escolher fazer algo daquele tempo? Mas ninguém pensou nisso.

Renata Tolentino, líder da equipe Sinergia, e Mariana Marinho, da equipe Flecha, entre depoimentos de participantes que se diziam entusiasmados, assumiram as lideranças. O problema é que eles dizem que estão com sangue nos olhos, mas não traduzem isso em eficiência, muito menos em atitudes. A equipe Sinergia entrou em contato com o R7 e fez uma parceira com o site. Nem passou pela cabeça da Flecha fazer o mesmo. “Espero que seja uma liderança tranquila”, disse Mariana. “A gente tem que criar referências primeiro, investigar cases e realmente criar alguma coisa diferente”, disse Guilherme Séder. Investigar cases de sucesso, criar referências e... criar algo novo (em cima de experiências passadas, Guilherme?). Quanta incoerência, rapaz!

Mas, pelo menos sobre Maytê, acertou em alguma coisa. “Ela às vezes, parece que está querendo dar uma aula, falar termos. Está mais interessada em dizer conceitos e tentar falar que é publicitária do que fazer a gente chegar a um denominador comum”, disse, num surto de lucidez. Sim, um participante esperto estaria para mostrar a cara, e é justamente isso que ela está fazendo. O prêmio, ainda distante, pode não ser alcançado nunca.

Enquanto a equipe Sinergia se concentrava no óbvio, em conseguir a entrada principal de um shopping de grande concentração, roupas da época e exposição de carros antigos, a Flecha optou por um caminho, digamos, nada a ver. Um Centro de Cultura Nordestina! Para uma novela que se passa no Rio de Janeiro, em plena época da dance music, não deixa de ser um caminho para a próxima derrota. Mas ninguém percebeu. Lucas Broch e Guilherme Séder, que brigaram no episódio anterior e combinaram não trocar xingamentos, fecharam a parceria. Sinceramente? Não dá para ter paciência com esses dois. Iran Malfitano, com a Sinergia, fez a alegria de quem queria autógrafo. Ação feijão com arroz, mas bem-feitinha. Eu pararia para tirar uma foto com ele, já que assisto a novela e já estava disposto a ver mesmo.

Cláudio Heinrich, do núcleo cômico da “nova superprodução da Record”, não teve uma ação tão feliz com o pessoal da Flecha. No depoimento dele, faltou alguém pegar o microfone e explicar o que estava acontecendo. Uma frequentadora do local só entendeu a ação, segundo o seu depoimento, quando explicaram. “É bem mais padrão fazer uma tarde de autógrafos, mas em minha opinião é zero criativo”, atacou Maytê, autora da ideia do Centro de Cultura Nordestino, já se defendendo.

Karina Ribeiro, a “mulher de reticências, não de ponto final” descrita por Maytê, tem decepcionado. Era uma das que estavam confiantes – essa equipe tem algum senso crítico? – e se não reagir logo, não sei se repetirá o mesmo feito de ir à final, como em sua primeira participação. Depois, chorou. “Perder é terrível. Eu não aguento mais perder”.

A outra vice, Renata Tolentino, se saiu bem e, como melhor profissional de sua tarefa escolheu Evandro Banzato, que ganhou um óculos sob medida de 3 mil reais, e um almoço num restaurante elegante. O pior, segundo Renata, foi Carlos Nakao. “Ela não confia nos liderados, porque o problema é... dela! Então, eu como liderado entreguei tudo!”, disse ele, fazendo beicinho. “Eu vou provar que vou vencer o ‘Aprendiz – O Retorno’”, garantiu, já no show de Beyoncé, o prêmio do grupo vencedor, provando que não engoliu a líder tê-lo classificado como o pior.

Mariana Marino, da liderança derrotada, não viu a ideia de colocar uma ação sobre uma novela dos anos 70 num lugar voltado para a cultura nordestina como ridícula, mas sim criativa. “Todos concordaram, todos abraçaram, todos executaram a ideia”, justificou a líder. “O que vocês fizeram é uma piada de mau gosto”, disse Justus, questionando o parâmetro do que é bom e o que é ruim. Uma ação no shopping é “standard”, disse Maytê, confirmando a mania de colocar palavras em inglês dentro de uma frase. “Não adianta discutir uma ideia que não foi implementada”, disse o conselheiro Renato Santos. “Se vocês tivessem tomado cuidado com os famosos detalhes, que já foram falados aqui antes”, complementou.

As gerações atuais estão um pouco ansiosas para serem criativas, esquecendo da pertinência. Você pode voar tão alto quanto você queira, só tem que saber para onde você vai. Essa é a única expressão que eu posso dar para o que vocês fizeram lá: um verdadeiro desastre”, acrescentou Walter Longo. Mas Maytê, que não sabe ouvir, tentou se defender com todo o seu poder de persuasão. Sobrou até lágrimas. “Quando eu acredito em algo, eu defendo com unhas e dentes. Eu sou believer nesse sentido”. É como se diz, em terra de coadjuvantes, quem tem um pouco de personalidade, e uma tendência para se considerar melhor que os outros, é rei.


Helder Miranda@senhorhelder
Formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), e pós-graduado em "Mídia, Informação e Cultura", na USP (Universidade de São Paulo), Helder Miranda é jornalista, atua como editor do site cultural www.resenhando.com e também como repórter de outros veículos de comunicação. Foi redator de press-releases da Globo Livros, da DCL - Difusão Cultural do Livro, coordenador de redes sociais do selo editorial Tordesilhas e resenhista de literatura no Portal IG. Atualmente, também é estudante de Letras na UniSantos. 



3 comentários:

  1. Eu teria mandado a Maytê embora.
    Ela é quase insuportável.
    Tudo bem que tenha personalidade forte mas...
    Gosto muito da maneira que escreves.
    Abraço.

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  2. Eu também teria, Elisa! Se estivesse em uma empresa. Para o bom andamento do programa, creio que Justus só vai demití-la se ela fizer algo muito, muito errado, em que não dê para justificar com aquela velha concepção que eles sempre acabam recorrendo: "gosto dos rebeldes". Vamos ver como as coisas andam. A situação da Maytê será definida pelo comportamento que ela tiver nas próximas tarefas. Se considerarmos a lista de demitidos, pode ser que ela tenha ficado mais "esperta" em relação a tudo o que foi dito na sala de reuniões.

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  3. Concordo Helder. A situação da Maytê será definida nas próximas tarefas, em especial, quando ela for líder, ou, quando enfrentar um outro participante tão esperto e eficiente na sala de reunião quanto ela. É como digo... aguardemos...
    Parabéns pela análise e belo texto!

    Abraços,
    Shadow

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